Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - A prévia da inflação oficial brasileira acelerou a alta em fevereiro em um movimento sazonal alimentando pelos preços de Educação, porém permanece em 12 meses abaixo do centro da meta do governo, dando conforto ao Banco Central para manter os juros no atual nível.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) teve alta de 0,34 por cento em fevereiro, contra avanço de 0,30 por cento em janeiro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira.
O resultado repete o de fevereiro de 2000 e representa a menor taxa para meses de fevereiro desde o início do Plano Real em 1994.
Em 12 meses, o IPCA-15 passou a acumular alta de 3,73 por cento, de 3,77 por cento no mês anterior, indo ainda mais abaixo da meta oficial de inflação do governo para 2019 --4,25 por cento pelo IPCA, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
O IBGE destacou em fevereiro a influência do grupo Educação, que exerceu o maior impacto depois de os preços passarem a subir 3,52 por cento, de 0,31 por cento em janeiro.
O movimento se deu devido aos reajustes praticados no início do ano letivo, principalmente a alta de 4,60 por cento nas mensalidades dos cursos regulares), item que teve o maior impacto individual no índice do mês.
Alimentação e bebidas, que tem forte peso sobre os bolsos dos consumidores, desacelerou a alta em fevereiro a 0,64 por cento, de 0,87 por cento no mês anterior, influenciado pela alimentação no domicílio.
Na outra ponta, os grupos Transportes e Vestuário apresentaram deflação em fevereiro, respectivamente de 0,46 e 0,92 por cento.
Ainda que a tendência seja de pressão maior no início do ano principalmente por efeitos sazonais, as perspectivas para a inflação em 2019 permanecem ancoradas, com a pesquisa Focus mais recente mostrando que a expectativa do mercado é de uma alta do IPCA em 2019 de 3,87 por cento.[nL1N20D075]
Na semana passada, o BC reiterou que a assimetria em seu balanço de riscos para a inflação persiste, apesar de menos intensa, e assim segue firme em sua postura de cautela quanto à condução da política monetária.
Depois de manter a taxa básica de juros Selic no seu piso histórico de 6,5 por cento, a autoridade monetária buscou manter fechada a porta para eventual queda dos juros básicos, a despeito do ambiente de inflação comportada e atividade econômica sem grande vigor.