Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - Sob a pressão dos preços de alimentos e de habitação, a prévia da inflação oficial do Brasil subiu 0,48 por cento em outubro, permanecendo acima do teto da meta em 12 meses, num momento em que a presidente Dilma Rousseff (PT) trava uma disputa acirrada com Aécio Neves (PSDB) a poucos dias da definição da corrida eleitoral.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) atingiu 6,62 por cento em 12 meses, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, mesma taxa alcançada em setembro e acima do teto da meta do governo --de 4,5 por cento pelo IPCA, com tolerância de 2 pontos percentuais para mais ou menos.
Em setembro, o IPCA-15 havia subido 0,39 por cento na base mensal. Mas, neste mês, mostrou desaceleração em relação ao IPCA fechado do mês passado, quando subiu 0,57 por cento, chegando a 6,75 por cento em 12 meses, maior patamar em quase três anos.
Os dados de outubro do IPCA-15 ficaram um pouco abaixo do esperado em pesquisa da Reuters, cujas medianas apontavam alta de 0,51 por cento no mês e de 6,65 por cento em 12 meses.
Segundo o IBGE, em outubro, o maior impacto no índice veio do grupo Alimentação e Bebidas, com 0,17 ponto percentual após alta de 0,69 por cento, acelerando sobre o avanço de 0,28 por cento visto no mês anterior.
A principal influência veio do preço das carnes, que subiram 2,38 por cento em outubro, no principal impacto individual no mês (0,06 ponto percentual). Esse item já havia pesado sobre o IPCA de setembro, uma vez que os preços da arroba do boi gordo no Estado de São Paulo se aproximam da máxima histórica por conta da escassez de animais para abate.
Já Habitação teve impacto de 0,12 ponto percentual no IPCA-15 de outubro, com alta de 0,80 por cento no período. Na ponta oposta, o grupo Transportes viu sua alta desacelerar em outubro a 0,25 por cento, frente a 0,45 por cento em setembro.
Segundo as contas do Banco Fator, a alta dos preços administrados, fonte de pressão neste ano que deve se prolongar para 2015, acelerou para 0,46 por cento neste mês, sobre 0,37 por cento em setembro. Já o índice de difusão do IPCA-15 subiu de 56,7 a 64,9 por cento, ainda de acordo com relatório do banco.
Mesmo com a política de juros altos do Banco Central --que levou a Selic ao atual patamar de 11 por cento ao ano-- e com a fraca atividade econômica, que entrou em recessão no primeiro semestre, a inflação vem se mantendo há meses acima do patamar de 6 por cento.
Essa conjuntura minou a confiança tanto de empresários quanto dos consumidores e tornou-se questão central na disputa presidencial, que será concluída neste domingo com a realização do segundo turno da eleição.
Para economistas de instituições financeiras, o IPCA deverá encerrar este ano a 6,45 por cento, ficando em 2015 a 6,30 por cento, segundo a pesquisa Focus do BC.