SÃO PAULO (Reuters) - A prévia da inflação oficial do Brasil acelerou em outubro sob a pressão dos preços de alimentos e transportes, registrando a taxa mais elevada para o mês em três anos e superando o centro da meta oficial em 12 meses, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira.
A aceleração, contudo, ainda não deve ser suficiente para pressionar o Banco Central a mexer na taxa básica de juros, em meio a uma recuperação econômica fraca e alívio cambial.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) registrou alta de 0,58 por cento em outubro, após variação positiva de 0,09 por cento em setembro, de acordo com os dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado ficou abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,64 por cento, mas representa a taxa mais elevada para um mês de outubro desde os 0,66 por cento registrados em 2015.[L2N1X20JO]
Diante disso, em 12 meses até outubro o IPCA-15 passou a acumular alta de 4,53 por cento, ante 4,28 por cento no mês anterior e estimativa de 4,59 por cento.
O dado iguala a leitura de julho e volta a superar o centro da meta da inflação --de 4,50 por cento, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
Em outubro, somente os grupos Alimentação e Bebidas e Transportes responderam por cerca de 70 por cento do IPCA-15.
O primeiro registrou alta de 0,44 por cento, contra recuo de 0,41 por cento em setembro, pressionado principalmente pelo aumento de 0,52 por cento nos preços da alimentação em domicílio. Contribuíram para o avanço os preços mais elevados de tomate, frutas e carnes.
Já a inflação de Transportes acelerou a 1,65 por cento em outubro ante 0,21 por cento no mês anterior, por conta dos combustíveis, que ficaram 4,74 por cento mais caros.
Somente os preços da gasolina subiram no mês 4,57 por cento, representando o maior impacto individual no IPCA-15.
Ainda assim, a demanda permanece contida diante de uma economia que vem apresentando lentidão e desemprego elevado, em meio a incertezas, principalmente com o cenário eleitoral.
O BC vem mantendo a taxa básica de juros em 6,5 por cento ao ano e, embora mantenha em aberto a possibilidade de elevar a Selic, afirma que isso só irá acontecer caso veja piora no cenário para os preços.
Mas o dólar, que chegou a atingir novas máximas históricas contra o real, com potencial para pressionar a inflação, inverteu o movimento recentemente, e passou a cair com a perspectiva de vitória da candidatura para a Presidência de Jair Bolsonaro (PSL), considerada mais reformista pelo mercado.
Na próxima semana o BC volta a se reunir para decidir sobre a política monetária, e pode dar novas indicações sobre o futuro da taxa básica de juros.
(Por Camila Moreira)