Por Leika Kihara e Yoshifumi Takemoto
TÓQUIO (Reuters) - O governo do Japão rebaixou sua avaliação sobre a economia nesta sexta-feira, mas manteve a visão de recuperação, sugerindo que as crescentes tensões entre os Estados Unidos e a China ainda não atingiram o crescimento de forma suficiente para adiar o aumento do imposto sobre vendas.
As consequências da guerra comercial e a desaceleração da demanda global prejudicaram as perspectivas para a economia dependente das exportações, o que manteve as expectativas do mercado de que o primeiro-ministro Shinzo Abe poderia adiar o aumento do imposto sobre as vendas em outubro, o que já aconteceu duas vezes.
Mas o ministro da Economia, Toshimitsu Motegi, minimizou essa especulação, dizendo que o Japão deveria prosseguir com o aumento dos impostos.
O Japão precisa de receita para pagar os custos crescentes do bem-estar social para sustentar o rápido envelhecimento da população e reduzir o peso da dívida pública, que é duas vezes o tamanho de sua economia de 5 trilhões de dólares.
"Não há mudança no nosso plano de aumentar o imposto sobre vendas conforme programado", disse ele a repórteres após a divulgação do relatório.
"Eu não acho que as coisas estão tão ruins. A indústria está sendo afetada pela disputa comercial entre EUA e China. Mas se você olhar para o lado da oferta da nossa economia, a indústria responde por apenas 21%", disse ele, acrescentando que o setor de serviços, que compõe uma grande parte da economia, está indo bem, com o consumo "se mantendo".
Uma autoridades do partido governista, próximo a Abe, foi mais cauteloso.
O aumento do imposto deve prosseguir se a economia permanecer no estado atual, mas o governo deve examinar os desenvolvimentos nas negociações comerciais entre EUA e China e seu impacto na economia do Japão, disse Katsunobu Kato, chefe do conselho geral do Partido Liberal Democrático (LDP), à Reuters.
"O maior fator a ser observado é o atrito comercial EUA-China", disse Kato. "Os desenvolvimentos econômicos globais mudam o tempo todo, então precisamos vigiá-los."
Em seu relatório econômico de maio, o governo descreveu a economia como "se recuperando a um ritmo moderado, enquanto a fraqueza nas exportações e produção industrial continua".
Essa foi uma visão ligeiramente mais desanimadora do que a do mês passado, quando disse que a economia estava se recuperando moderadamente apesar de "alguma" fraqueza nas exportações e produção.