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Protestos pela alta de combustível deixam ao menos 3 mortos na Nigéria

Publicado 09.01.2012, 13:53
Atualizado 09.01.2012, 14:15

Lagos, 9 jan (EFE).- Ao menos três pessoas morreram nesta segunda-feira e outras três ficaram feridas na Nigéria durante os protestos do primeiro dia de greve geral por tempo indeterminado convocada pelo aumento do preço da gasolina, informou o canal "Channel Television".

Em Lagos, capital econômica da Nigéria (país mais populoso da África, com mais de 150 milhões de habitantes e o primeiro produtor de petróleo do continente), um jovem morreu e outros três foram supostamente feridos por disparos da polícia.

Segundo a fonte, o incidente ocorreu quando os agentes abriram fogo em uma rua onde os jovens jogavam futebol. Os feridos foram levados para um hospital próximo, enquanto a Polícia indicou que está investigando os fatos.

Na cidade de Kano, no norte do país, um adolescente de 15 anos morreu por supostos disparos das forças de segurança durante um conflito com manifestantes que pretendiam entrar em um prédio governamental.

Outro menino também morreu supostamente ao ser esmagado pelos manifestantes em Kano, onde a situação é tensa, assinalou o "Channel Television".

Os dois principais sindicatos nigerianos, o Congresso de Sindicatos (TUC) e o Congresso do Trabalho da Nigéria (NLC), que convocaram a greve, confirmaram o sucesso da mobilização, já que o país, de acordo com eles, está praticamente paralisado.

"A greve está sendo muito bem-sucedida. Não houve voos. Lagos está completamente parada", disse o presidente do TUC, Peter Esele.

O TUC e o NLC convocaram a greve depois que o Governo anunciou em 1º de janeiro a retirada de um subsídio ao combustível. Como consequência da medida, o preço da gasolina disparou de US$ 0,40 para US$ 1,30 o litro e aumentou o custo da grande maioria de produtos e serviços, principalmente do transporte.

O presidente do NLC, Abdulwaheed Omar, declarou que estão acontecendo "manifestações simultâneas em todas as capitais" que continuarão até o Governo voltar atrás.

O aumento do preço do combustível é uma medida muito impopular na Nigéria, onde os cidadãos consideram que têm direito ao preço baixo da gasolina por ser um país rico em petróleo.

Nesta segunda-feira, o Governo afirmou que respeita o direito dos nigerianos a expressarem seu descontentamento, mas reafirmou que a retirada do subsídio da gasolina é uma iniciativa necessária e que faz parte de um pacote de medidas de ajuste econômico.

Em discurso exibido pela TV no sábado, o presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, tentou explicar essa decisão e pediu compreensão aos cidadãos com as medidas, que incluem a redução de 25% no salário-base dos funcionários e cortes nas despesas estatais.

Para impedir possíveis conflitos, a Polícia colocou mais de 23 mil agentes no estado de Lagos, cuja capital é a cidade de mesmo nome, toda vez que ocorrer manifestações similares no resto do país.

Em Lagos, a organização civil Grupo para Salvar a Nigéria (SEN) comemorou nesta segunda um protesto no qual seu coordenador, Tunde Bakare, destacou que "já é hora de os nigerianos falarem que basta".

"Não se trata apenas da retirada do subsídio, mas também da corrupção e da má administração", acrescentou Bakare, que vestia uma camiseta com o lema "matem a corrupção, não os nigerianos".

A greve ocorre em um momento de insegurança pelos recentes ataques contra igrejas e cristãos no norte do país, de maioria muçulmana, atribuídos ao grupo terrorista islâmico Boko Haram, que deixaram dezenas de mortos. EFE

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