Lula sanciona Orçamento de 2025 com superávit 'inflado', cortes no PAC e recorde de emendas

Publicado 10.04.2025, 17:35
Atualizado 10.04.2025, 20:41
Lula sanciona Orçamento de 2025 com superávit 'inflado', cortes no PAC e recorde de emendas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou nesta quinta-feira, 10, o Orçamento de 2025. O projeto, aprovado pelos parlamentares com três meses de atraso, estima um superávit de R$ 14,5 bilhões nas contas públicas, número questionado por especialistas, corta despesas dos ministérios e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e tem valor recorde de emendas parlamentares.

Os parlamentares cortaram R$ 7,8 bilhões em despesas de controle direto do governo Lula em relação à proposta enviada pelo governo ao Congresso, incluindo R$ 4,3 bilhões dos ministérios e R$ 3,5 bilhões do PAC, e usaram o espaço fiscal do pacote de corte de gastos aprovado no ano passado para aumentar o valor de emendas parlamentares. O desenho foi sancionado por Lula nesta quinta, com dois vetos (leia mais abaixo).

As emendas vão somar R$ 50,4 bilhões em 2025, um valor recorde, após uma manobra do Congresso para contornar as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que bloquearam os recursos no ano passado por falta de transparência e desrespeito às regras fiscais. Os parlamentares indicarão quais municípios receberão esse valor e quais obras serão contempladas - o governo fica com o controle de quando e quanto pagar.

Fora essa quantia, foram colocados mais R$ 9 bilhões em recursos de interesse dos congressistas no guarda-chuva dos ministérios - o que fez o valor total das emendas chegar a R$ 59,5 bilhões. A diferença é que, nessa parte, não fica o carimbo direto dos parlamentares e o dinheiro é legalmente controlado pelo governo, mas também poderá ser negociado para atender os políticos.

Com o Orçamento aprovado, é possível visualizar os maiores efeitos do pacote fiscal. As despesas obrigatórias aumentaram em R$ 7,3 bilhões na comparação com o projeto enviado inicialmente pelo governo, sobretudo em despesas previdenciárias e outros benefícios reajustados pelo salário mínimo. O aumento seria ainda maior se não fosse a aprovação do pacote, que limitou o aumento real (acima da inflação) do salário mínimo a 2,5% ao ano - o mesmo teto de despesas do arcabouço fiscal.

Além disso, houve cortes de R$ 7,7 bilhões no Bolsa Família, R$ 3,5 bilhões no programa de escola em tempo integral e R$ 2,5 bilhões na Lei Aldir Blanc de fomento à cultura para incorporar medidas propostas pela equipe econômica e aprovada pelos congressistas.

Vetos

Lula impôs dois vetos ao Orçamento de 2025. Um deles, no valor de R$ 40,2 milhões, recaiu sobre duas emendas que foram colocadas no Ministério dos Transportes para estradas em localidades específicas.

Uma lei aprovada no ano passado para atender as decisões do STF proibiu que esse tipo de recurso fosse aprovado para cidades escolhidas pelos parlamentares, o que tiraria o controle formal do Poder do Executivo para escolher onde mandar o dinheiro.

Outro veto tirou R$ 2,9 bilhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). O valor se refere a despesas financeiras, sem efeito no limite de gastos do arcabouço e no resultado primário (saldo entre receitas e despesas, sem contar os juros da dívida).

Conforme o Estadão antecipou, o Congresso subestimou os efeitos da Desvinculação de Receitas da União (DRU), uma das medidas do pacote fiscal aprovado em 2024, e manteve valores do fundo que deveriam ser cancelados e que agora foram vetados pelo presidente Lula.

Os R$ 2,9 bilhões em receitas do FNDCT foram desengessados para serem usados livremente no Orçamento, mas o Congresso acabou usando a parte que ficou livre para custear as mesmas despesas.

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.