Por Michel Rose e Elizabeth Pineau e Ingrid Melander
PARIS (Reuters) - O presidente francês Emmanuel Macron e a opositora de extrema direita Marine Le Pen se enfrentarão nesta quarta-feira em um debate que pode ser decisivo na disputa acirrada para decidir quem vai governar o país pelos próximos cinco anos.
Para Le Pen, que está atrás de Macron nas pesquisas de opinião antes da votação de domingo, trata-se de mostrar que ela tem estatura para ser presidente e convencer mais eleitores de que não devem temer ver a extrema direita no poder.
"O medo é o único argumento que o atual presidente tem para tentar se manter no poder a todo custo", disse Le Pen em uma nova peça de campanha na terça-feira, acusando Macron de pregar a desgraça sobre o que uma Presidência de extrema direita significaria para a França.
Para Macron, possivelmente o maior desafio será não parecer arrogante, algo que muitos eleitores criticam nele, ao mesmo tempo em que alfineta os buracos que vê nos planos políticos de Le Pen e aproveita seus cinco anos de experiência no poder.
"Os franceses agora a veem como uma possível presidente, ao contrário de 2017. Agora cabe a nós provar que ela será uma má presidente", disse uma fonte próxima a Macron, acrescentando que ele vai "combater o projeto dela e provar que é inconsistente e irreal".
O debate, que começa às 16h (horário de Brasília), será o único entre os dois candidatos.
Quando Macron e Le Pen competiram pela primeira vez pelo cargo de presidente, em 2017, o debate foi catastrófico para a candidata antiimigração e eurocética.
Ela misturou suas observações e perdeu o equilíbrio, enquanto o debate permitiu que Macron, então em grande parte não testado, convencesse os eleitores de que estava apto para ser presidente.
Muito mudou desde então.
Por um lado, embora a formação seja a mesma, o resultado da eleição está mais aberto, com a liderança do presidente de centro e pró-europeu muito menor nas pesquisas do que em 2017.
E Macron está no poder há cinco anos, o que significa que Le Pen pode atacá-lo por seu retrospecto.
Ela também só pode se sair melhor do que no debate de 2017, o qual ela mesma chamou de fracasso, ao mesmo tempo em que pode ser difícil para Macron repetir uma performance tão nocauteadora.
Mas Macron não está sem recursos para este debate, que será o único confronto direto entre os dois de toda a campanha.
Com o candidato de extrema direita Éric Zemmour agora fora do jogo, Le Pen perdeu um rival que a fazia parecer menos radical.