BRASÍLIA (Reuters) - O mercado financeiro mantém elevada a preocupação com os riscos relacionados à aprovação das medidas necessárias ao equilíbrio fiscal e à retomada do crescimento econômico, informou o Banco Central nesta quinta-feira, citando pesquisa feita junto a instituições em seu Relatório de Estabilidade Financeira, publicado nesta quinta-feira.
"As instituições financeiras avaliam que a situação fiscal do país é preocupante e que, se reformas estruturais não forem realizadas, o ambiente econômico permanecerá desfavorável aos negócios", afirmou o BC.
"Quando se considera apenas o risco classificado como o mais importante entre os três livremente relatados pelos respondentes, observa-se que os riscos fiscais-políticos destacam-se como o fator mais preocupante, sendo citados por 65 por cento das instituições em fevereiro de 2019, ante 53 por cento em agosto de 2018, com probabilidade médio-alta e alto impacto no sistema financeiro", acrescentou.
A avaliação vem em meio à batalha travada pelo governo para fazer avançar no Congresso a reforma da Previdência, considerada sua principal medida para o reequilíbrio das contas públicas, tarefa que vem sendo dificultada pela ausência de base aliada constituída.
A chamada Pesquisa de Estabilidade Financeira foi realizada com 55 instituições financeiras, que respondem por 94,4 por cento dos ativos do sistema financeiro, informou o BC.
CONDIÇÕES CONFORTÁVEIS
No relatório, referente ao segundo semestre de 2018, o BC destacou que os resultados dos testes de estresse de capital seguem confirmando a resiliência do sistema bancário, que se mostra capaz de absorver as perdas estimadas em todos os cenários simulados. O risco de liquidez, por sua vez, continua a representar pouca preocupação para o sistema bancário.
Num reflexo do que o BC apontou como "níveis confortáveis da solvência do sistema", a distribuição de frequência para o Índice de Capital Principal (ICP) considerando a plena adoção de Basileia III demonstra que 129 instituições, representando 99,9 por cento dos ativos do sistema, possuem indicador projetado acima do requerimento mínimo de 7,0 por cento, a vigorar a partir de 2019.
Além disso, a necessidade projetada de capital é de apenas 600 milhões de reais, prosseguiu o BC, montante que equivale a 0,11 por cento do patrimônio de referência atual do sistema.
DESEMPENHO DOS BANCOS
A rentabilidade bancária segue em elevação, alcançando níveis pré-crise no segundo semestre de 2018, destacou o BC, que atribuiu esse comportamento à redução das despesas de provisão, queda do custo de captação e a ganhos de eficiência operacional em 2018.
Segundo o relatório, o Retorno sobre o Patrimônio Líquido do sistema bancário alcançou 14,8 por cento em dezembro, elevação de 0,4 ponto percentual em relação a junho de 2018.
A autoridade monetária ressalvou, por outro lado, que esse movimento tende a perder força em meio à estabilização dos custos.
"Nesse contexto, o crescimento da carteira e a alteração do mix da carteira, com proporção maior de portfólios mais rentáveis – crédito a pessoas físicas e a PME (pequenas e médias empresas) –, podem contribuir marginalmente para novos incrementos", disse o BC.
(Por Marcela Ayres)