CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - O ministro das Relações Exteriores do México, Marcelo Ebrard, disse que o país ofereceria asilo ao presidente boliviano, Evo Morales, se ele pedisse, em um sinal da nova proeminência mexicana entre os governos de esquerda da América Latina.
Liderado pelo presidente Andrés Manuel López Obrador, o governo do México fez uma defesa enfática de Morales, que no domingo anunciou sua renúncia. A Bolívia vem sendo abalada por protestos contra uma eleição contestada, e os militares pediram a saída do presidente.
"Reconhecemos a atitude responsável do presidente da Bolívia, Evo Morales, que preferiu renunciar a expor seu povo à violência", escreveu López Obrador no Twitter, acrescentando que seu governo explicará sua posição mais detalhadamente nesta segunda-feira.
O México foi um dos primeiros países a parabenizar Morales após sua vitória na eleição do final de outubro, apesar das dúvidas a respeito dos resultados.
Nas últimas décadas, os países latino-americanos vêm oscilando entre governos de esquerda e conservadores, muitas vezes com políticas econômicas e sociais radicalmente opostas.
Desde o ano passado, a revolta com a corrupção, a desigualdade e a pobreza expulsaram conservadores do comando do México e da Argentina, ao mesmo tempo em que atiçaram protestos que forçaram Equador e Chile a amenizar medidas econômicas nas últimas semanas.
O México tem um longo histórico de concessão de refúgio a exilados de esquerda em fuga de governos militares e da repressão na região, um histórico ao qual Ebrard fez jus no domingo.
Em uma série de tuítes, ele denunciou o que chamou de uma "operação militar" na Bolívia. Um porta-voz da chancelaria não respondeu de imediato a um pedido de esclarecimento do comentário de Ebrard.
"Rejeitamos isso, é semelhante às tragédias que ensanguentaram nossa América Latina no último século", disse. "O México manterá sua posição de respeito pela democracia e pelas instituições. Nada de golpe".
Ebrard acrescentou que sua nação recebeu 20 autoridades e parlamentares bolivianos em sua residência diplomática de La Paz.
"Nós nos solidarizamos com a inviolabilidade das representações diplomáticas, agora exigimos a mesma solidariedade internacional para que a integridade da embaixada e da sede da residência mexicana na Bolívia seja respeitada".
(Por Sharay Angulo e Julia Love)