Calendário Econômico: IPCA é destaque com Fed, espera por volta do governo dos EUA
Por Michael S. Derby
(Reuters) - O diretor do Federal Reserve Stephen Miran voltou a pressionar nesta sexta-feira por uma trajetória agressiva de cortes na taxa de juros dadas as grandes mudanças na economia dos Estados Unidos impulsionadas pelo governo Trump, ao mesmo tempo em que argumentou que o abismo entre sua perspectiva e a de seus pares do banco central não é tão grande quanto alguns imaginam.
"Minha opinião é que, se a política monetária estiver fora de sintonia, você deve ajustá-la em um ritmo razoavelmente... rápido", disse Miran em uma entrevista à Bloomberg. No que diz respeito à atual definição da política de juros do banco central, "ainda não chegamos a um ponto em que, se você a mantiver por mais um dia, será uma crise, mas se você a mantiver por mais um ano, sim, acho que haverá... problemas em suas mãos"
Miran disse que sua crença de que a política monetária precisa ser muito mais frouxa do que é agora se baseia em sua opinião de que as mudanças econômicas, principalmente na frente da imigração, sugerem que a chamada taxa de juros neutra diminuiu em relação ao que era. Isso significa que a política do Fed se tornou mais restritiva ao crescimento, disse Miran.
Miran falou no dia em que o governo deveria divulgar seu relatório de emprego, mas não o fez devido a uma paralisação criada pelo fracasso dos líderes eleitos em chegar a um acordo sobre o orçamento. Miran não expressou preocupação com a falta do relatório, observando que o banco central ainda tem tempo antes de sua próxima reunião, marcada para o final de outubro.
Miran é o mais novo diretor do Fed e, em uma situação altamente incomum, está de licença de um emprego na Casa Branca de Trump. Ele foi a favor de um corte de 0,5 ponto percentual na reunião de política monetária do Fed no mês passado, em que as autoridades decidiram por um corte de 0,25 ponto, levando a taxa de juros para 4% a 4,25%, buscando um equilíbrio entre reduzir a inflação ainda alta e, ao mesmo tempo, dar suporte a um mercado de trabalho enfraquecido.
A preferência de Miran por cortes agressivos nos juros o distancia da maioria das autoridades do Fed, especialmente porque uma ampla gama de presidentes de bancos regionais ainda está preocupada em reduzir os juros com a inflação bem acima da meta de 2% do Fed e com a expectativa de aceleração à medida que as tarifas do presidente Donald Trump afetam a economia.
INFLAÇÃO DE SERVIÇOS
Em entrevista à CNBC, o presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, disse que o banco central agora se encontra em "uma situação um pouco complicada", com dados recentes mostrando um aumento na inflação de serviços, enquanto a criação de empregos está enfraquecendo.
"Você vê esse aumento na inflação e, particularmente, o aumento na inflação de serviços, que provavelmente não está vindo das tarifas", disse ele, acrescentando: "Estou um pouco cauteloso quanto a antecipar muitos cortes nos juros e apenas contar com o fim da inflação".
Em uma coletiva de imprensa após a reunião de setembro do Fomc, o chair do Fed, Jerome Powell, sugeriu o isolamento de Miran e disse que "não houve apoio generalizado para um corte de 50 pontos-base hoje", observando que movimentos superiores a 25 pontos geralmente acontecem "quando você sente que a política monetária está fora do lugar e precisa mudar rapidamente para um novo lugar. Não é isso que sinto, certamente agora".
Dito isso, embora a vice-presidente de supervisão do Fed, Michelle Bowman, tenha votado a favor do corte de 25 pontos, ela argumentou desde então que a política do Fed corre o risco de ficar para trás na compensação dos riscos para o mercado de trabalho.
Em seus comentários para o canal de televisão, Miran disse que suas expectativas de longo prazo para a política monetária não são diferentes das de outras autoridades e que "tudo o que é diferente é o fato de que eu quero chegar lá um pouco mais rápido".
(Reportagem de Michael S. Derby e Dan Burns)