FRANKFURT (Reuters) - O modelo de inteligência artificial (IA) do Banco Central Europeu (BCE) mostra que a inflação na zona do euro pode cair mais rapidamente do que o esperado pela própria instituição, mas com muita incerteza, disse o economista-chefe do banco, Philip Lane, nesta quinta-feira.
Foi a primeira vez que o BCE falou sobre as previsões geradas por seu recém-criado modelo de aprendizado de máquina, que utiliza cerca de 60 variáveis para captar mudanças que os algoritmos tradicionais não conseguem detectar.
Uma apresentação que acompanhou a palestra de Lane mostrou que as previsões de IA do BCE colocam a inflação até junho muito abaixo do previsto pelas projeções macroeconômicas oficiais do banco central -- e mais perto de sua meta de 2% -- embora dentro de uma faixa muito ampla de resultados possíveis.
"O centro da distribuição está abaixo das projeções de dezembro", disse Lane em um evento em Roma.
O BCE prevê uma inflação de 2,7% no segundo trimestre do ano, mais alta do que os 2,3% esperados pelos economistas consultados pela Reuters e do que as previsões do banco central geradas por inteligência artificial -- um pouco abaixo disso.
Investidores que apostam que a queda da inflação forçará o BCE a começar a reduzir as taxas de juros já em abril podem se sentir encorajados por essas novas previsões geradas por computador do próprio banco central.
Mas Lane argumentou que a "ampla distribuição" dos possíveis resultados implícitos no modelo de IA exigia cautela.
"Os modelos dizem: 'há muitas possibilidades aqui, espere que os (dados) lhe digam, porque você não gostaria de colocar todas as suas apostas no centro dessa distribuição'."
(Por Balazs Koranyi)