Buenos Aires, 9 out (EFE).- A agência Moody's manteve sua perspectiva negativa para o sistema financeiro da Argentina, segundo detalha em seu último relatório "Perspectiva para o Sistema Bancário Argentino" divulgado nesta quinta-feira em comunicado.
"As dificuldades econômicas da Argentina seguirão tendo incidência nos fundamentos financeiros dos bancos durante o próximo ano a ano e meio", afirma a Moody's no relatório.
A agência de qualificação, "perante um cenário de contração da economia", prevê "um elevado índice de inflação, uma deterioração da moeda, assim também como que o governo continue implementando políticas pouco ortodoxas".
Todos estes fatores "prejudicarão os volumes de negócios e os lucros dos bancos nos próximos trimestres".
A Moody's adverte que a Argentina "se encontra atravessando uma recessão econômica desde o primeiro trimestre de 2014, e o default (moratória) em julho prejudicou ainda mais a confiança dos investidores e consumidores".
"Prevemos que o PIB se reduza pelo menos 2% em 2014, e se estanque em 2015, e com uma inflação tão alta, esperamos que o desemprego aumente e os salários reais dos indivíduos caiam", indica a Moody's.
A agência lembra que, desde 2011, "o governo impôs uma série de políticas restritivas que prejudicaram as condições de negócio e debilitaram a força financeira dos bancos".
Entre essas políticas se destacam os controles de divisas e restrições às importações, amortecedores nas comissões e nas taxas de juros, direcionamento de créditos a setores específicos da economia e restrições para o pagamento de dividendos.
Por outra parte, acrescenta a Moody's, "a recente recessão aumenta o risco de maior pressão por parte do governo sobre as pessoas que fazem empréstimos para estimular o crescimento e aumentar o acesso ao crédito".
A Moody's assinala ainda que o aumento do risco-país restringiu o acesso dos bancos às linhas de crédito do exterior, fato que prejudica a capacidade de acessar fundos para financiar as linhas de comércio exterior.
"Qualquer saída de capitais desencadeará uma maior desvalorização do peso argentino e conduzirá a quedas adicionais das reservas internacionais do Banco Central", conclui o comunicado.