Nursultan, 23 mai (EFE).- O ex-presidente do Cazaquistão Nursultan Nazarbayev se envolveu nesta quarta-feira na campanha das eleições presidenciais marcadas para 9 de junho com uma forte defesa da democracia no país centro-asiático.
"Nas eleições participam sete candidatos. Isso é sinal de que no nosso país existe concorrência política. Para todos os candidatos, há iguais condições para a propaganda eleitoral", disse Nazarbayev durante um encontro com membros do partido governista Nur-Otan, segundo informou a televisão pública local.
Nazarbayev, que deixou o cargo em março após quase 30 anos no poder, ressaltou que os candidatos à presidência "representam os interesses de diferentes grupos sociais".
As palavras de Nazarbayev serviram como uma resposta às críticas feitas pela oposição de que seu sucessor, o atual presidente Kassym-Jomart Tokayev, tem a vitória garantida de antemão, já que conta com todo o apoio da maquinaria do Estado e do próprio Nazarbayev, fundador da República.
Em 1 de maio, dezenas de opositores foram detidos na capital do país, que tem agora o nome do ex-presidente, Nursultan, durante uma manifestação não autorizada na qual, entre outros pontos, pediam eleições livres.
O Partido Nacional Social-Democrata do Cazaquistão, principal legenda opositora do país, anunciou previamente que não apresentará candidatos porque não quer dar legitimidade a um pleito "sem alternativa".
A oposição e os analistas consideram que quase todos os rivais do atual líder são candidatos "técnicos", ou seja, que o objetivo é dar a impressão de que há alternativa, embora na realidade a vitória de Tokayev seja incontestável.
O candidato comunista, Zhambil Ajmetbekov, defende os valores tradicionais cazaques e tem receio do excesso de influência estrangeira, especialmente chinesa.
A primeira mulher que se candidata à presidência cazaque, Daniya Yespayeva, prometeu ajudar os empresários locais e se mostrou a favor de reduzir os juros bancários.
Yespayeva, de 58 anos, deputada e candidata pelo partido Ak Zhol, assegurou que a maioria de pessoas processadas por corrupção são homens.
O único candidato considerado realmente opositor é Amirzhan Kosanov, cujo programa se baseia na defesa das liberdades fundamentais e na luta contra a corrupção.
Seu partido, "O destino da nação", promove a identidade nacional e a língua cazaque em um país onde a grande maioria da população fala também o russo.
Nazarbayev negou hoje, além disso, que no país exista uma "bicefalia", no sentido de que, na realidade, ele dirige o país na sombra de Tokayev.
"Continuo trabalhando pelo bem do país. Quero ressaltar que não permitiremos nenhuma bicefalia no país. Todos trabalharemos para o presidente que for eleito pelo povo", declarou o ex-líder.
Nazarbayev explicou que sua decisão de deixar a presidência corresponde à necessidade de abrir espaço para uma "nova geração", embora Tokayev já tenha 66 anos.
Da mesma forma que seu mentor, Tokayev considera prioritário manter boas relações com a China, segundo maior parceiro comercial do país e destino de grande parte das exportações de hidrocarbonetos.
Além disso, prometeu acabar com os problemas dos setores menos favorecidos com a concessão de moradia a cerca de 650 mil famílias.