RIO DE JANEIRO (Reuters) - O número de pessoas mortas por policiais aumentou no Brasil em 2020, apesar da pandemia do coronavírus, segundo novos dados publicados nesta quinta-feira.
De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, a polícia do país matou 6.416 pessoas no ano passado, um aumento de 0,3% em comparação com o ano anterior.
Os homicídios também cresceram no Brasil em 2020, com um aumento de 4%, com 50.033 mortos, o que coloca o país com uma taxa de homicídios de 23,6 por 100.000 habitantes.
O Brasil, país com o maior número de assassinatos no mundo, teve uma redução da violência durante os primeiros anos do governo do presidente Jair Bolsonaro, que foi eleito em 2018 com a promessa de combater o crime organizado e acabar com anos de corrupção entre a elite política e empresarial do país.
Mas o relatório desta quinta-feira mostra que parte dessa redução foi perdida, uma vez que um aumento acentuado na posse de armas, uma medida impulsionada por Bolsonaro, coincidiu com um crescimento nas mortes.
Quase 200.000 novas armas foram registradas no Brasil em 2020 após um afrouxamento das restrições por parte do governo federal, quase o dobro do número no ano anterior, mostraram os dados do anuário. Existem agora quase 1,3 milhão de armas registradas na Polícia Federal, segundo o relatório, mais do que o dobro de 2017.
O relatório, publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, constatou que 76,2% das pessoas assassinadas no Brasil eram negras, sendo a grande maioria formada por homens. Os números foram parecidos entre os mortos pela polícia, com 78,9% de negros e a maioria também de homens jovens.
Durante o mesmo período, menos de 200 policiais foram mortos no cumprimento do dever, segundo o levantamento, menos da metade do número que morreu de Covid-19.
(Reportagem de Gabriel Stargardter)