Por Sarah Marsh
BUENOS AIRES (Reuters) - A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, admitiu nesta segunda-feira que não assistiu sequer a uma partida da seleção de seu país na Copa do Mundo, incluindo a final, uma gafe que alguns observadores disseram mostrá-la desconectada do clima nacional.
Um dia depois de a Argentina perder a final do Mundial para a Alemanha por 1 x 0 no Maracanã, Cristina recebeu a seleção na capital, dando a cada um dos abatidos jogadores, vestidos de preto, um abraço de consolação.
Cristina recusou o convite da presidente Dilma Rousseff para comparecer à final, alegando estar com dor de garganta. Já a chanceler alemã, Angela Merkel, esteve presente e até saltitou de alegria com o gol da vitória.
Em um discurso televisionado, Cristina Kirchner, flanqueada por Lionel Messi e o resto do time, declarou: "Como vocês sabem, não sou fã de futebol".
"Não vi sequer uma partida, nem mesmo a de ontem", disse, acrescentando que ligou para o técnico da seleção, Alejandro Sabella, depois do jogo porque a sensação era que o time tinha vencido.
"Foi como eu e 40 milhões de argentinos nos sentimos".
Embora não sejam de todo surpreendentes, dado seu conhecido desinteresse pelo esporte, os comentários de Cristina não irão lhe render o afeto do país, obcecado por futebol e arrasado com a derrota.
Os torcedores festejaram até tarde da noite de domingo, comemorando o desempenho do plantel com danças, batuques e fogos de artifício. As festividades azedaram quando dezenas de torcedores violentos atiraram tijolos e garrafas contra o batalhão de choque, que reagiu com gás lacrimogêneo e jatos de água. Mais de uma dúzia de policiais ficou ferida e 120 pessoas foram detidas, relatou a mídia local.
A federação de futebol da Argentina declarou que a festa de boas-vindas desta segunda-feira havia sido cancelada devido a preocupações com os transportes.
(Reportagem adicional de Richard Lough e Eliana Raszewski)