FRANKFURT - Fabio Panetta, membro da diretoria do Banco Central Europeu, defendeu nesta quinta-feira a manutenção das taxas de juros em seu atual nível elevado por mais tempo, em vez de aumentá-las ainda mais e correr o risco de reverter o curso.
O BCE elevou os juros pela nona vez consecutiva em um ano na semana passada, mas sinalizou que pode fazer uma pausa em sua próxima reunião em setembro, já que a inflação continua caindo e o crescimento, enfraquecendo.
Panetta, que há muito pede uma abordagem cautelosa para aumentar os custos dos empréstimos, argumentou que a "persistência" em manter os juros altos permitirá ao BCE levar a inflação para sua meta de 2% sem prejudicar indevidamente a economia ou comprometer a estabilidade financeira.
"Enfatizar a persistência pode ser particularmente valioso na situação atual, onde a taxa básica de juros está em torno do nível necessário para proporcionar estabilidade de preços no médio prazo, o risco de desancoragem das expectativas de inflação é baixo, os riscos de inflação são equilibrados e a atividade econômica é fraca", disse Panetta em um webinar organizado pela Universidade Bocconi de Milão.
A inflação na zona do euro caiu ainda mais em julho -- para 5,3% -- e a maioria das medidas de crescimento dos preços subjacentes também diminuiu, em um sinal bastante reconfortante para o BCE, prejudicado apenas por uma nova aceleração nos preços dos serviços.
Mas uma pesquisa publicada nesta quinta-feira mostrou que mesmo a atividade de serviços está desacelerando, agravando a queda na manufatura.
Isso provavelmente fortalecerá a posição das autoridades do BCE que pedem uma pausa nos aumentos de juros na reunião de 14 de setembro, o que deixará a taxa que o banco central paga sobre depósitos em seu atual pico de 23 anos de 3,75%.
"Na orientação da política monetária, a persistência está se tornando tão importante quanto o nível de nossas taxas de juros", disse Panetta. "Isto é particularmente verdade, dado que os riscos para as perspectivas de inflação se tornaram mais equilibrados, enquanto os riscos para as perspectivas econômicas mudaram para o lado negativo."
(Reportagem de Francesco Canepa)