Por Ann Saphir e Michael S. Derby
(Reuters) - As autoridades do Federal Reserve receberam uma dose de dados econômicos dos Estados Unidos inesperadamente fortes nesta sexta-feira, o que reforçou a justificativa para mais aperto na política monetária para reduzir a inflação persistentemente alta.
Os gastos do consumidor subiram 0,8% no mês passado ante março, uma boa notícia para mostrar que a economia não está à beira de uma recessão, mas desconfortável para os formuladores de política monetária, que buscam uma desaceleração que possa aliviar a pressão de alta sobre os preços.
E um aumento no núcleo da inflação para 4,7%, acima do ritmo de 4,6% de março, destacou o progresso menos do que estável na luta do Fed contra a inflação. O banco central dos EUA tem como meta inflação de 2%.
Juntamente com o que parecia ser algum progresso em Washington em um acordo para aumentar o limite da dívida e evitar um calote catastrófico dos EUA, o mais recente punhado de dados lança dúvidas sobre se o Fed realmente "pausará" sua campanha de aumento de juros, como o chair Jerome Powell sinalizou que poderia no início deste mês.
“No momento, quando vejo os dados e o que está acontecendo com os números da inflação, acho que teremos que apertar um pouco mais”, disse a presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, à CNBC. Em março, Mester já esperava que o Fed aumentasse a taxa básica de juros além de sua faixa atual de 5,00% a 5,25%.
Mas, em um aceno tácito para a ala "dovish" do comitê do Fed, que favorece uma abordagem de esperar para ver, ela também disse que é muito cedo para se comprometer com uma alta dos juros em junho.
"Fizemos progressos; agora é esse exercício de calibragem, e é isso que é difícil", disse ela.
Operadores de futuros atrelados às taxas de juros veem menos sutileza nos números e agora estão apostando que o Fed fará um 11º aumento consecutivo dos custos dos empréstimos em junho, uma reversão ante as apostas numa pausa em junho vistas mais cedo no dia, bem como precificado na maioria dos pregões desde o último aumento de taxa, em 3 de maio.
Analistas do LHMeyer, que anteriormente imaginavam que o Fed havia parado de aumentar os juros, disseram nesta sexta-feira que agora veem mais duas altas, para 5,6%, antes de o Fed parar.