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PIB africano deve ter crescimento de 4,8% em 2014 e 5,7% em 2015

Publicado 19.05.2014, 12:54

Paris, 19 mai (EFE).- A economia africana, que demonstrou grande resistência à crise financeira e cresceu 3,9% no ano passado, deve acelerar essa progressão neste ano a 4,8% e no próximo a 5,7%, graças ao reforço da demanda global de matérias-primas, mas também por uma maior estabilidade política e social.

Este é o cenário descrito em um relatório divulgado nesta segunda-feira conjuntamente pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), que constatam evoluções diferentes por região.

O ritmo de progressão global do continente africano, que já no ano passado foi melhor que no conjunto do mundo, voltará a ser em 2014 e se situará acima do da América Latina (em torno de 3%), mas continuará sendo inferior a outra das grandes áreas em desenvolvimento, o sudeste asiático (5,4%).

A Nigéria, que após a mudança de base de cálculo de seu Produto Interno Bruto (PIB) passou a ser a primeira economia da África, muito à frente da África do Sul, vai repetir o feito nos dois próximos anos com taxas superiores a 7% (7,2% em 2014 e 7,1% em 2015), e isso graças aos setores não petroleiros, já que o dos hidrocarbonetos é o grande ponto negro que escurece estas perspectivas.

Esses números são submissos, além da contração da atividade petrolífera (por roubos de petróleo e atos de vandalismo, assim como pela contração de investimentos em prospecção), aos problemas de segurança no nordeste, onde atua o grupo extremista Boko Haram, às rivalidades no delta do Níger pelo controle dos recursos e a um possível recesso brusco nas reformas perante as eleições de 2015.

A região menos dinâmica da África continuará sendo a faixa norte, que desde a "Primavera Árabe" de 2011 ficou tocada por grandes incertezas políticas e sociais e, embora deveria se recuperar após uma ascensão de seu PIB de só 1,9% em 2013, neste ano terá uma alta de 3,1%.

O caso mais eloquente pelas altas e baixas dos números é o da Líbia, cuja economia afundou 12,1% no passado ano por causa das interrupções nas exportações de petróleo pelas divisões regionais e tribais com alterações de provisões nas zonas dos jazidas e nos portos.

A OCDE, o BAD e o Pnud estimam que "se não houvesse os problemas de segurança, e em particular os incidentes nos terminais petrolíferos", seu PIB deveria se recuperar 4,3% em 2014 e disparar 22,4% em 2015.

No Egito, o Estado mais povoado da bacia mediterrânea, o grande problema é a incerteza política em que está imerso após a derrocada em julho de 2013 do anterior presidente, o islamita Mohammed Mursi, e a adoção de uma nova Constituição em janeiro passado.

Os três organismos esperam uma alta do PIB egípcio neste ano de 2,1%, como em 2013, e de 3,6% em 2015.

Na Argélia, a aceleração esperada (4,3% neste ano após 3% em 2013 e com a meta de 4,2% em 2015) terá como principais espoletas uma recuperação nas exportações de hidrocarbonetos e o gasto público dirigido sobretudo ao investimento em apoio da demanda.

O Marrocos, que teve o melhor comportamento de toda a região norte da África em 2013 (4,7%), especialmente pela vitalidade de seu setor agrícola, deveria passar a 3,2% em 2014 e a 4,6% em 2015.

Os autores do relatório julgam "encorajador" o resultado conquistado até agora e o vinculam ao fato do país "saber aproveitar sua estabilidade política e social".

Na mesma linha, destacam os programas para transformar e diversificar a economia marroquina e consideram factível o alvo de criar 220 mil novos empregos até 2015 com dois setores industriais que oferecem potencialidades em termos de crescimento e de inovação: o automóvel e a aeronáutica.

Os ascensões mais rápidas do PIB nos dois anos da previsão em termos relativos são em Serra Leoa (12,7% de média anual) e Chade (10,1%).

Caso à parte está Guiné Equatorial, o único dos 54 países do continente no qual se espera uma queda de sua atividade no período 2014-2015, com uma baixa de 1,8% neste ano (pior que 1,4% de retrocesso em 2013) e de 8,5% em 2015.

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