Jerome Powell demorou 15 minutos de coletiva para dar a informação mais esperada pelo mercado nesta quarta-feira: o Federal Reserve continuará a elevar os juros, mas a magnitude deve ser de 50 pontos-base, e não 75 pontos, como até membros do colegiado estimavam. Isso foi suficiente não apenas para a retirada de prêmios nos intervalos mais longos dos juros domésticos, correlacionados com o câmbio, como também para sacudir as estimativas para a próxima reunião do Copom. Para a desta quarta, Banco Central (BC) e mercado estão alinhados quanto ao aumento de 100 pontos da Selic. As atenções agora se direcionam para os indícios que o comunicado trará sobre se para ou não o ciclo de ajuste monetário.
A 'Super Quarta-Feira' era guiada, pela manhã, por assuntos não explicitamente ligados à política monetária. Um sentimento de cautela à espera do Fed e do BC se somou a uma subida forte do petróleo na esteira da proposta de sanção da União Europeia ao óleo da Rússia, o que fez os juros terem viés de alta mais cedo.
Quando veio o comunicado do Fed, as movimentações foram tímidas na renda fixa doméstica, com alguma retirada de excessos. Isso porque dirigentes da instituição já haviam deixado de maneira muito explícita o que seria feito nesta quarta: elevação do Fed Fund para a faixa de 0,75% a 1,00%, bem como o anúncio dos detalhes do plano de retirada de estímulos.
James Bullard, presidente do Fed de Saint Louis, tem sido o mais vocal 'falcão' da instituição no atual ciclo de ajuste monetário. De certa forma, ao votar por 50 e não 75 pontos-base, acabou sinalizando um consenso não tão hawkish assim quanto o mercado esperava. Quando Powell disse, então, que uma alta de 0,75 ponto porcentual não é algo "ativamente considerado", essa percepção, então, se consolidou.
A coincidência das datas entre Fomc e Copom pode acabar ajudando este último na formulação de seus planos de voo. Sem a pressão de um Fed ainda mais acelerado para chegar à taxa neutra, o BC pode fazer um pouso suave na taxa - ou até, no limite, interromper o ciclo de alta já, como era a ideia inicial.
A taxa do DI para janeiro de 2023 recuou de 13,129% a 13,040%. A do janeiro 2024 cedeu de 12,688% a 12,585%, na mínima do dia. A do janeiro 2025 caiu de 12,171% a 12,050%. E a do janeiro 2027 passou de 12,005% a 11,905%.