WASHINGTON (Reuters) - A alta dos preços ao consumidor nos Estados Unidos acelerou em maio, uma vez que os custos da gasolina atingiram um recorde e os de serviços subiram ainda mais, sugerindo que o Federal Reserve pode continuar com altas de 0,50 ponto percentual nos juros até setembro para combater a inflação.
O índice de preços ao consumidor subiu 1,0% no mês passado, após avanço de 0,3% em abril, disse o Departamento do Trabalho nesta sexta-feira.
Economistas consultados pela Reuters projetavam aumento mensal de 0,7%.
Os preços da gasolina subiram em maio, chegando a uma média de cerca de 4,37 dólares por galão, de acordo com dados do clube automobilístico AAA. Nesta sexta os preços do galão flertavam com os 5 dólares, indicando que a inflação mensal permanecerá elevada em junho.
A inflação também foi impulsionada no mês passado por preços mais altos para outros bens, como alimentos, que aumentaram na sequência da guerra na Ucrânia. A política de Covid-19 zero da China, que afetou as cadeias de abastecimento, também deve manter os preços pressionados para cima.
Os preços de serviços como aluguéis, hospedagem em hotéis e viagens aéreas também foram altos no mês passado. Havia esperança de que a mudança dos gastos de bens para serviços ajudaria a esfriar a inflação, mas um mercado de trabalho apertado está elevando os salários, o que contribui para o aumento dos preços dos serviços.
Os dados de inflação foram publicados antes de um segundo aumento esperado de 0,5 ponto percentual pelo Fed nos juros na próxima quarta-feira. O banco central dos EUA deve elevar sua taxa de juros em mais 0,5 ponto percentual em julho. Desde março, o Fed já elevou a taxa básica em 0,75 ponto.
"Uma inflação mensal forte e contínua pode sugerir que o Fed orientará mais explicitamente a continuidade de aumentos de 0,50 ponto ou mais até que os dados da inflação estejam diminuindo de forma convincente", disse Veronica Clark, economista do Citigroup (NYSE:C).
Nos 12 meses até maio, os preços ao consumidor aumentaram 8,6%, de 8,3% em abril. Os economistas esperavam que a taxa anual atingisse o seu pico em abril.
A inflação subjacente foi igualmente forte no mês passado, pois os aluguéis e as tarifas aéreas mantiveram sua marcha ascendente.
Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, o índice subiu 0,6%, repetindo a taxa abril.
O chamado núcleo do índice de preços ao consumidor aumentou 6,0% nos 12 meses até maio, de 6,2% em abril. A inflação por todas as medidas ultrapassa de longe a meta de 2% do Fed
(Reportagem de Lucia Mutikani)