Por Leika Kihara
TÓQUIO (Reuters) - O presidente do banco central do Japão, Haruhiko Kuroda, disse que os principais bancos centrais podem ter que se tornar mais flexíveis em relação às metas de inflação, já que não estão conseguindo atingir o alvo devido aos efeitos redutores de preço das inovações tecnológicas e da globalização.
As metas perdidas e a inflação moderada aumentaram a preocupação com a credibilidade das metas de inflação dos bancos centrais, disse Kuroda.
O Banco do Japão manteve uma política monetária ultrafrouxa nos últimos anos, imprimindo dinheiro para tirar a economia de uma longa fase de deflação. Mas ainda está lutando para aumentar a inflação para sua meta de 2%.
A experiência do Japão mostra que é difícil voltar a ancorar as expectativas de inflação quando elas caem abaixo de níveis desejados, disse Kuroda.
"Se a inflação baixa vier de fatores estruturais como globalização e digitalização, os bancos centrais devem continuar examinando a melhor maneira de administrar as expectativas de inflação.. dentro de uma estrutura flexível de metas de inflação", disse Kuroda em uma conferência acadêmica organizada pelo Banco do Japão nesta quarta-feira.
O ex-presidente do Banco Central Europeu Jean-Claude Trichet também alertou contra a persistência de metas rígidas de preços, dizendo que é errado pensar que os bancos centrais podem guiar a inflação exatamente para os níveis que eles querem dentro de um determinado período de tempo.
"O Banco do Japão não é o único nesta situação. As reformas estruturais da economia continuam sendo essenciais", disse Trichet na mesma conferência depois do discurso de Kuroda.