Investing.com – Após o aumento na taxa de juros básica da economia brasileira (Selic) em 25 pontos base, a ortodoxia monetária deve ser temporária e o Banco Central, que será presidido por Gabriel Galípolo no próximo ano, tende a cortar as taxas de juros substancialmente em 2025, espera o BCA Research.
“Acreditamos que os indicados de Lula no BCB estão jogando o jogo longo. Visam reforçar a credibilidade do banco central no curto prazo através do aumento das taxas. Depois, farão uma inversão de marcha e cortarão agressivamente as taxas de juros a partir do início do próximo ano. Isto é baixista para a moeda”, aponta em relatório divulgado a clientes e ao mercado.
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Até o início do ano que vem, o governo da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá nomeado seis dos nove membros do conselho até então, e terá Galípolo no comando. A percepção da BCA Research é de que assim que o governo tiver o controle sobre o colegiado em janeiro, “pressionará o Copom para afrouxar significativamente a política monetária”.
“Acreditamos que os conselheiros indicados por Lula estão votando pelo aumento das taxas agora para estabelecer credibilidade com os mercados financeiros, a fim de obter aprovação para flexibilizar a política monetária no início de 2025”, completam os estrategistas Juan Egaña e Arthur Budaghyan.
O colegiado reforçou o comprometimento com o centro da meta, pois, se o mercado tivesse dúvidas sobre tal, o real poderia se desvalorizar mais, aumentando mais os rendimentos dos títulos locais, prejudicando a capacidade do BC de cortar juros no futuro.
Os estrategistas lembram que a atividade econômica está acima da capacidade, com hiato do produto positivo, pressionando a inflação.
Outro fator que pressiona o aumento nos preços é a alta nos valores importados, diante da desvalorização cambial, o que apontaria para uma “recuperação significativa no núcleo da inflação de preços ao consumidor”, segundo os analistas.
A indicação é de cautela para o mercado brasileiro, com posição neutra para as ações brasileiras e underweight em títulos locais e soberanos de crédito.
Para prazos mais longos, de dois anos, por outro lado, a indicação é de compra para small caps no Brasil e short no real.