Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A inflação oficial brasileira acelerou mais do que o esperado em janeiro e começou o ano ainda acima de 10 por cento no acumulado em 12 meses, no momento em que o Banco Central adotou um tom mais brando em relação à condução da política monetária.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 1,27 por cento em janeiro, após alta de 0,96 por cento em dezembro, o nível mais alto para o mês desde 2003 (2,25 por cento), de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com isso, a alta do índice acumulada em 12 meses até janeiro foi a 10,71 por cento, acima dos 10,67 por cento vistos em dezembro, quando encerrou 2015 estourando o teto da meta do governo pela primeira vez desde 2003. Esse é o patamar mais elevado nessa base de comparação desde novembro de 2003 (11,02 por cento).
As expectativas em pesquisa da Reuters eram de avanço de 1,10 por cento sobre dezembro, atingindo em 12 meses 10,52 por cento.
Em janeiro, os maiores impactos foram exercidos por Alimentação e Bebidas, com alta de 2,28 por cento, e Transportes, com avanço de 1,77 por cento.
Para os alimentos, esse é o maior avanço dos preços desde dezembro de 2002. Esses dois grupos são os de maior peso na despesa das famílias e detiveram 71 por cento do índice.
Os economistas consultados na pesquisa Focus do Banco Central apontam que a estimativa para o IPCA no final deste ano é de alta de 7,26 por cento. Ainda assim, o BC decidiu manter a taxa básica de juros em 14,25 por cento diante da elevação das incertezas no cenário externo.