Produção da indústria do Brasil cai mais do que o esperado em julho

Publicado 04.09.2024, 09:02
Atualizado 04.09.2024, 10:11
© Reuters. Fábrica da GWM em Iracemápolis (SP)n27/04/2023. REUTERS/Carla Carniel

Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A indústria brasileira iniciou o segundo semestre com queda da produção em julho maior do que a esperada, marcando o quarto mês negativo no ano e devolvendo parte do forte ganho do mês anterior com a retomada no Rio Grande do Sul.

A produção industrial recuou 1,4% em julho na comparação com o mês anterior, pior do que a expectativa de retração de 0,9% em pesquisa da Reuters e depois de salto de 4,3% no mês anterior. Foi o pior resultado para meses de julho desde 2021.

Em relação ao mesmo mês do ano anterior, os dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram avanço de 6,1%, ante projeção de ganho de 6,3%.

Os resultados deixam a indústria 1,4% acima do nível pré-pandemia, de fevereiro de 2020, mas 15,5% aquém do ponto mais alto da série histórica, de maio de 2011.

"Grande parte do recuo registrado neste mês tem relação com o avanço expressivo visto no mês anterior, mas também se observa que importantes plantas industriais realizaram paralisações no seu processo produtivo", explicou André Macedo, gerente da pesquisa no IBGE.

Ele lembrou que o resultado de junho foi influenciado pelo retorno à produção de unidades afetadas pelas chuvas que devastaram o Rio Grande do Sul neste ano.

"Houve agora paralisações em plantas de refinarias, plataformas e no setor de celulose. Precisamos aguardar as informações futuras, mas temos um terceiro trimestre começando em ritmo menor", completou.

No segundo trimestre, o setor industrial brasileiro apresentou crescimento de 1,8%, deixando para trás o recuo de 0,1% nos três primeiros meses do ano, de acordo com os dados do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados pelo IBGE na véspera.

A expectativa é de que a indústria contribua para a atividade econômica brasileira neste ano, ainda que de forma modesta, em um cenário de mercado de trabalho aquecido e inflação sob controle.

"O número fraco de hoje reforça nossa visão de que a atividade econômica deve ter uma desaceleração no segundo semestre, já que os fatores que estimularam o crescimento do PIB nos primeiros meses do ano perderão força na segunda metade", disse Claudia Moreno, economista do C6 Bank.

O IBGE destacou que em julho os resultados negativos ficaram centrados em sete dos 25 ramos industriais pesquisados, atividades com relativa importância na estrutura industrial.

As principais influências negativas foram exercidas por produtos alimentícios (-3,8%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-3,9%), indústrias extrativas (-2,4%) e celulose, papel e produtos de papel (-3,2%).

“Houve queda na produção de açúcar, impactada pelos efeitos da seca no Centro-Sul do país, de carnes de bovinos e de produtos derivados da soja. Esses itens foram os que mais contribuíram negativamente neste mês”, disse Macedo. "Há uma contribuição negativa do clima."

Em relação às grandes categorias econômicas, o setor de bens de consumo apresentou recuo de 2,5% na produção em julho em relação a junho, enquanto os bens intermediários tiveram queda de 0,3%. Por outro lado, a fabricação de bens de capital apresentou ganhos de 2,5%.

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