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Indústria do Brasil sobe 0,8% em agosto após 3 quedas, mas ainda deve fechar ano com contração

Publicado 01.10.2019, 09:58
© Reuters. Fábrica de alumínio em Pindamonhangaba, SP

Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira

RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A produção da indústria brasileira interrompeu três meses de perdas e registrou o melhor resultado para agosto em cinco anos, mas a perspectiva para o setor em 2019 ainda é de contração.

Em agosto, a produção industrial teve alta de 0,8% em relação a julho, segundo dados informados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira.

Essa é a leitura mais alta para o mês desde 2014, quando houve alta de 0,9%. No geral, é o melhor resultado desde junho de 2018, quando houve um salto de 12,6% como decorrência de recuperação após a greve dos caminhoneiros.

Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, entretanto, a produção registrou recuo de 2,3%, e o acumulado em 2019 está negativo em 1,7%.

Ambos os resultados foram melhores do que as expectativas em pesquisa da Reuters com economistas, de alta de 0,3% na variação mensal e queda de 3,0% na base anual.

"É um crescimento, mas não representa uma virada de chave, uma recuperação ou uma reação. Foi apenas um primeiro sinal e a indústria hoje opera 17,3% distante do pico", disse o gerente da pesquisa no IBGE, André Macedo.

Dentro as grandes categorias econômicas, o único resultado positivo foi visto em Bens Intermediários, com um ganho de 1,4% na produção em comparação com julho.

Por outro lado, a fabricação de Bens de Capital caiu 0,4% e a de Bens de Consumo teve perdas de 0,7%.

Entre as atividades, as indústrias extrativas exerceram a principal influência positiva, com avanço de 6,6% --quarta taxa positiva consecutiva--, graças ao aumento na extração de minério de ferro, petróleo e gás.

Também se destacaram os avanços de 3,6% na produção de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, e de 2,0% de produtos alimentícios.

© Reuters. Fábrica de alumínio em Pindamonhangaba, SP

Já os veículos automotores, reboques e carrocerias recuaram 3,0% no mês, em meio à redução das exportações para a Argentina devido à crise econômica no país vizinho.

"Claro que um ganho é sempre positivo, mas esse crescimento precisa ser relativizado. Primeiro por que se dá depois de três quedas seguidas, ou seja, em cima de uma base fraca. Em segundo lugar, ocorre de forma concentrada", acrescentou Macedo.

A expectativa dos economistas em pesquisa Focus do Banco Central é de contração da atividade industrial de 0,54% neste ano, passando a crescer 2,10% em 2020.

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