Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - A produção da indústria brasileira voltou a apresentar aumento em maio, mas ainda insuficiente para recuperar as perdas registradas em março e abril devido às paralisações por conta do coronavírus.
Em maio, a indústria do Brasil registrou avanço de 7,0% na comparação com o mês anterior, taxa mais alta desde junho de 2018 (12,9%)
Entretanto, esse crescimento ficou longe de reverter a queda de 26,3% acumulada nos meses de março e abril, de acordo com os dados números divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na comparação com maio de 2019, a produção teve queda de 21,9%, o sétimo resultado negativo seguido em uma clara diminuição do ritmo da produção devido aos efeitos do isolamento social.
As expectativas em pesquisa da Reuters com economistas eram de aumento de 6,7% na variação mensal e queda de 22,3% na base anual.
Em maio, comportamento positivo da produção foi disseminado, devido principalmente ao aumento do ritmo produtivo após a intensificação das paralisações em diversas plantas industriais devido à pandemia de Covid-19.
Férias coletivas, paralisações, demanda menor e isolamento social para evitar a propagação do novo coronavírus atingiram cheio a atividade econômica do país.
“O mês de maio já demonstra algum tipo de volta à produção, mas a expansão de 7,0% ... se deve, principalmente, a uma base de comparação muito baixa. Mesmo com o desempenho positivo, o total da indústria ainda se encontra 34,1% abaixo do nível recorde, alcançado em maio de 2011”, explicou o gerente da pesquisa, André Macedo.
Todas as grandes categorias econômicas registraram aumento da produção em maio, com destaque para os aumentos de 92,5% em bens de consumo duráveis e de 28,7% de bens de capital.
A produção de bens de consumo semiduráveis e não duráveis subiu 8,4%, e a de bens intermediários teve alta de 5,2% no mês.
Já entre os ramos pesquisados 20 de 26 aumentaram, com as influências positivas mais relevantes sendo veículos automotores, reboques e carrocerias (244,4%); coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (16,2%); e bebidas (65,6%).
A confiança do setor industrial vem mostrando melhora, tendo registrado em junho o maior salto da série histórica do levantamento realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
O mercado prevê que a economia brasileira vai encolher 6,54% este ano, com a produção industrial retraindo 6%, segundo a mais recente pesquisa Focus do Banco Central.