Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - A expectativa de economistas para o patamar da taxa básica de juros ao fim deste ano chegou a 13%, mostrou a pesquisa semanal Focus do Banco Central nesta segunda-feira, com as projeções de inflação voltando a subir tanto para 2022 quanto para 2023.
A alta na previsão para a Selic ao final deste foi a segunda consecutiva, ante taxa de 12,75% estimada na semana passada. A conta para 2023, por sua vez, subiu pela terceira vez seguida, a 9,0%, de 8,75% na leitura anterior.
Esse avanço refletiu o décimo ajuste seguido para cima no prognóstico para a alta do IPCA em 2022, a 6,59%, de 6,45% na semana passada. Nesse patamar, as projeções indicam que a inflação superará com força a meta oficial deste ano, de 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
Também há expectativa de que a alta dos preços extrapole o centro do objetivo do ano que vem --de 3,25%, também com margem de 1,5 ponto--, com os economistas projetando avanço de 3,75% do IPCA em 2023. Na semana passada, a estimativa estava em 3,70%. O ano que vem é considerado de maior peso no horizonte relevante do Banco Central.
Os ajustes nas projeções do mercado vêm num contexto de preocupação global cada vez mais forte com a inflação, já que a guerra da Ucrânia tem impulsionado o preço de várias commodities, do petróleo ao trigo, levando a expectativas de maior dureza dos bancos centrais ao redor do mundo.
Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa Selic em 1 ponto percentual, a 11,75% ao ano, e indicou dose de aperto semelhante para seu próximo encontro. Investidores esperam receber mais pistas sobre os passos seguintes da autarquia com a divulgação, na terça-feira, da ata do Copom. Além disso, na quinta, será divulgado o Relatório Trimestral de Inflação do BC.
Diante das crescentes expectativas de inflação, que deve pesar no bolso do consumidor brasileiro neste ano e no próximo, e da alta da Selic, que tende a reduzir os gastos, houve ajuste para baixo no prognóstico dos economistas para o crescimento do PIB em 2023, a 1,30%, ante taxa de 1,43% prevista na semana passada. Para este ano, a expectativa de crescimento econômico teve alta de 0,01 ponto percentual, a 0,50%.
A divulgação da pesquisa nesta segunda-feira foi atrasada devido à operação padrão implementada por servidores que pedem reajustes salariais, informou o Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal). A publicação do levantamente, que normalmente é feita às 8h25, ocorreu excepcionalmente às 10h.