LONDRES (Reuters) - O presidente Vladimir Putin disse nesta quarta-feira que a Rússia alcançará seus objetivos na Ucrânia e não se submeterá ao que chamou de tentativa ocidental de alcançar o domínio global e desmembrar a Rússia.
Putin afirmou que a Rússia está pronta para discutir status neutro para a Ucrânia, três semanas depois de uma guerra que já matou milhares de pessoas e forçou milhões de ucranianos a fugir de suas casas.
Segundo ele, o que a Rússia chama de operação militar especial está "indo conforme o planejado".
Em um discurso televisionado para ministros do governo, Putin reconheceu a dor que as sanções ocidentais estão infligindo à economia, mas insistiu que a Rússia pode suportar o golpe.
Não houve nenhum sinal de abrandamento em seus amargos insultos contra o Ocidente e a Ucrânia.
"No futuro próximo, seria possível que o regime pró-nazista em Kiev pudesse colocar as mãos em armas de destruição em massa, e seu alvo, é claro, teria sido a Rússia", disse Putin.
Putin tem consistentemente descrito os líderes democraticamente eleitos da Ucrânia como neonazistas empenhados em cometer genocídio contra quem fala russo no leste do país --uma linha que o Ocidente denuncia como propaganda de guerra sem fundamento.
Ele afirmou que os países ocidentais querem transformar a Rússia em um "país dependente fraco; violar sua integridade territorial; desmembrar a Rússia de uma maneira que lhes convier".
Se o Ocidente pensou que a Rússia iria quebrar ou recuar, "eles não conhecem nossa história ou nosso povo", disse Putin no 21º dia da guerra.
"Por trás da conversa hipócrita e das ações atuais do chamado Ocidente coletivo estão objetivos geopolíticos hostis. Eles simplesmente não querem uma Rússia forte e soberana."
Segundo ele, a Rússia está pronta para discutir o status neutro da Ucrânia nas negociações: "A questão de princípio para nosso país e seu futuro --o status neutro da Ucrânia, sua desmilitarização e sua desnazificação-- estávamos prontos e estamos prontos para discutir como parte das negociações."
A Ucrânia afirma que está disposta a negociar o fim da guerra, mas não vai se render ou aceitar ultimatos russos.
Em seu reconhecimento mais explícito da dor infligida pelas sanções ocidentais, Putin disse que a inflação e o desemprego aumentarão, e serão necessárias mudanças estruturais na economia. Mas prometeu apoio às famílias com crianças.
"O Ocidente nem se preocupa em esconder que seu objetivo é prejudicar toda a economia russa, cada russo", declarou.
(Reportagem de Guy Faulconbridge, Kevin Liffey e Jacob Gronholt-Pedersen)