RIO DE JANEIRO (Reuters) - O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Viana, indicou nesta quarta-feira que a sistemática do regime de metas de inflação poderá ser aperfeiçoada para convergência para uma meta que seja considerada como a de longo prazo, ante modelo atual de metas para anos-calendário.
Ao falar na abertura do Seminário de Metas de Inflação do BC, no Rio de Janeiro, ele também reforçou a necessidade de reformas na economia para consolidação de um quadro de estabilidade macroeconômica no país.
"Infelizmente, ainda não podemos dizer que o trabalho de conquista da estabilidade macroeconômica esteja completo. Restam reformas e ajustes importantes para a sustentabilidade da economia brasileira, especialmente os de natureza fiscal", destacou.
De acordo com Viana, a extensão do horizonte de definição da meta para a inflação de dois para três anos-calendário à frente permitiu uma maior separação entre a definição da meta para a inflação, que baliza as expectativas de médio e longo prazos, e a condução da política monetária.
Também ampliou a capacidade de a política monetária balizar as expectativas de inflação, o que reduz incertezas, segundo ele.
"O regime ainda requer a fixação de metas para a inflação para anos-calendário – sistemática que poderá ser aperfeiçoada após convergência para uma meta que seja considerada como a de longo prazo", disse ele.
Viana ainda defendeu a autonomia do BC, medida que fortaleceria o regime de metas.
"A autonomia formal não viria como algo artificial sem bases institucionais firmes, mas sim como uma consolidação institucional de processo amadurecido ao longo do tempo", disse.
FISCAL
O diretor do BC ressaltou a necessidade de uma política fiscal sólida para que a política monetária seja capaz de atingir seus objetivos.
"A estabilidade de preços na economia não é derivada apenas da ação da política monetária, como todos sabemos", afirmou ele.
"Não há na história – e isso é sempre importante ressaltar – regime monetário que tenha sido capaz de operar de forma satisfatória em condições de insustentabilidade da política fiscal", completou.
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier)