Por Krista Hughes e Philip Blenkinsop
WASHINGTON/BRUXELAS (Reuters) - Os Estados Unidos não têm interesse em buscar um acordo de livre comércio separado com o Reino Unido se os britânicos deixarem a União Europeia (UE), disse Michael Froman, representante de Comércio dos EUA, nesta quarta-feira, no primeiro comentário público de uma alta autoridade norte-americana sobre o tema.
Os eleitores britânicos se preparam para decidir antes do fim de 2017 se o país deve permanecer na UE, e as pesquisas de opinião mostram um apoio crescente à ideia de sair do bloco.
Os comentários de Froman minam o principal argumento econômico dos que defendem a saída britânica, segundo o qual o Reino Unido prosperaria sozinho e seria capaz de assegurar acordos de livre comércio bilaterais com os seus parceiros.
Os EUA são o maior mercado para as exportações do Reino Unido depois da UE, tendo comprado mais de 54 bilhões de dólares em bens britânicos em 2014.
"Eu acho que está absolutamente claro que o Reino Unido tem uma voz mais forte nas mesas comerciais sendo parte da UE, sendo parte de uma entidade econômica maior", disse Froman, em entrevista à Reuters, acrescentando que o fato de fazer parte do bloco dá aos britânicos maior influência nas negociações.
"Não estamos particularmente no mercado para acordos de livre comércio individuais com países. Estamos construindo plataformas a que outros países podem se juntar com o tempo."
Se o Reino Unido deixar a UE, disse Froman, o país teria as mesmas tarifas e barreiras comerciais dos outros países que estão fora da rede de livre comércio norte-americana.
Se a Grã-Bretanha deixar a UE, disse Froman, terá as mesmas tarifas e barreiras comerciais que outros países fora da rede de acordos de livre comércio dos EUA.
"Não temos acordo comercial com o Reino Unido. Então eles estariam sujeitos às mesmas tarifas, e a outras medidas comerciais, que enfrentam a China, Brasil ou Índia", afirmou ele.
Washington acabou de firmar um importante acordo comercial com 11 países do Pacífico e quer finalizar as negociações com a UE sobre a chamada Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP, na sigla em inglês) por volta do fim do ano que vem.