Por Howard Schneider
WASHINGTON (Reuters) - Novas projeções econômicas do Federal Reserve nesta semana mostrarão até que ponto e com que rapidez as autoridades esperam aumentar os juros este ano, num primeiro teste do impacto da guerra na Ucrânia e do salto da inflação no novo ciclo de política monetária que se aproxima nos Estados Unidos.
O comitê de definição da política monetária do Fed deve elevar os custos dos empréstimos em 0,25 ponto percentual ao final de sua reunião de dois dias, na quarta-feira, que dará o tom da reação do banco central ao choque de energia causado pela guerra, que está colidindo com a reabertura econômica pós-pandemia e uma forte demanda do consumidor.
As novas projeções econômicas trimestrais, que serão divulgadas junto com o comunicado de política monetária, na quarta-feira, mostrarão o que as autoridades antecipam em termos de indicadores-chave, como crescimento do PIB, inflação e desemprego. Em particular, as perspectivas atualizadas sinalizarão quão agressivas elas podem ser no aumento dos juros e se isso pode comprometer um período recorde de desemprego baixo.
A reunião desta semana "é complicada" pela necessidade de responder rapidamente à inflação, agora numa máxima em 40 anos, mas também pelo desejo de conter os preços sem aumentar a taxa de desemprego, disse Steve Englander, chefe de pesquisa macro para a América do Norte no Standard Chartered (LON:STAN).
Englander disse esperar que o Fed sinalize aumentos de juros totalizando 1,25 a 1,50 ponto percentual de alta neste ano, o que é menos do que muitos investidores esperam atualmente.
A mediana das estimativas de economistas consultados pela Reuters também projeta que o Fed elevará os juros ante atual nível próximo de zero para uma faixa entre 1,25% e 1,50% até o final de 2022, o equivalente a cinco altas de 0,25 ponto percentual.
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Investidores em contratos futuros vinculados à meta dos juros básicos do Fed atualmente esperam que o banco central eleve os custos dos empréstimos em ritmo um pouco mais rápido, encerrando o ano em intervalo entre 1,75% e 2,00%.
"O crescimento e o desemprego devem ser revisados para baixo, enquanto a inflação geral e seu núcleo devem ser revisados para cima... Esperamos uma mensagem 'hawkish' (dura no combate à inflação) do chair Jerome Powell, que provavelmente reiterará que o Fed precisa levar a sério a estabilidade de preços", escreveram analistas do BofA (NYSE:BAC).