A recente crise fiscal não mostrou ainda seu pleno impacto na economia. Vai mostrar todo o seu potencial deletério em 2022, o que vai contribuir em muito para impor dificuldades ao Banco Central para trazer a inflação para a meta no ano que vem. A avaliação consta do "Comentário Quinzenal" da MB Associados, escrito pelo economista-chefe da consultoria, Sérgio Vale.
Para ele, o IPCA de outubro, que novamente veio acima das expectativas de mercado, ainda tem a ver com o que aconteceu antes da quebra do regime fiscal. Ou seja, o impacto desta crise fiscal recente vai se materializar na formação dos preços é no ano que vem.
"Com cerca de 35% do IPCA crescendo acima de dois dígitos, o BC terá dificuldades crescentes para trazer a inflação para a meta ano que vem. A inflação que se espalha com rapidez terá que sair dos 9,9% que agora esperamos para este ano para 3,5% em 2022, que é a meta. Mesmo com os juros subindo para os 11,75% que agora esperamos, não mudamos a expectativa de 4,7% de IPCA para 2022", escreveu Vale (SA:VALE3), que ante projetava a Selic em 10,5%.
De acordo com ele, subir os juros para o 11,75% ajudará a manter o IPCA em 4,7%, pois caso contrário "teríamos que aceitar uma Selic menor e uma inflação que teria que ser ajustada para 5,5%".
"Mesmo o BC sendo mais agressivo será suficiente para acomodar a inflação ainda perto de 5%, com o agravante que aumentou a chance de queda de PIB em 2022. Por ora, mantemos o cenário de 0%, mas há 50% de chance de uma recessão de fato acontecer no ano que vem", alertou o economista da MB Associados.