SÃO PAULO (Reuters) - A atividade do setor de serviços voltou a crescer em julho, pela primeira vez em quatro meses, com rápida melhora na quantidade de novos trabalhos, depois de a greve dos caminhoneiros causar no mês anterior o maior tombo do segmento desde o fim do ano passado, mostrou a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) divulgada nesta sexta-feira.
"A entrada de novos negócios aumentou da maneira mais significativa em quatro meses, com a taxa de expansão superando a sua média de longo prazo", afirmou o IHS Markit em nota. "Os entrevistados da pesquisa citaram uma melhoria na demanda básica como causa."
O IHS Markit informou que o PMI de serviços do Brasil avançou a 50,4 em julho, sobre 47,0 em junho, primeira leitura desde abril acima da marca de 50 que separa crescimento de contração.
A pesquisa mostra que o otimismo no setor também voltou aos níveis altos de setembro do ano passado, mas a expectativa de melhora se volta para o período pós-eleitoral.
O desempenho dos serviços, no entanto, apresentou avanço "marginal", segundo o IHS Markit, sendo suficiente para atenuar e não interromper a redução do número de empregos no setor pelo quadragésimo primeiro mês consecutivo.
O relatório do PMI também mostrou que "o ritmo de corte de posições foi o mais lento observado nos quarenta e um meses de redução ininterrupta", ponderando ao mesmo tempo que "algumas empresas contrataram pessoal adicional devido ao forte crescimento de novos trabalhos".
A volta dos serviços ao campo de expansão somada à retomada da indústria elevaram o PMI Composto a 50,4 em julho, retomando o crescimento pela primeira vez desde abril.
Um pico de preços e prejuízos do setor privado causados por mais de dez dias de paralisação dos caminhoneiros em maio levaram economistas a elevarem as projeções para o comportamento da inflação e reduzirem as expectativas de crescimento da economia para cerca de 1,5 por cento, ante 3 por cento alguns meses antes.
A economia, no entanto, tem reagido depois do tombos vistos após a greve, que hoje representa apenas um soluço temporário na atividade econômica, segundo a economista Pollyanna De Lima, autora do relatório do PMI.
"Os provedores de serviços tomaram a dianteira em relação a novos negócios, mostrando uma melhora consideravelmente mais forte que a da indústria", disse Polyanna, em nota.
"Mesmo assim, as taxas de expansão na produção foram marginais e similares entre ambos os setores, com apenas produtores de bens criando empregos."
A melhora nos serviços foi puxada pelas categorias de Informação e Comunicação e de Finanças e Seguros, nas quais subiram tanto o número de novos negócios quanto o volume de produção, de acordo com o IHS Markit. As demais categorias contraíram no mês.
Os custos para os empresários do setor tiveram o segundo maior avanço nos últimos nove meses, diante de preços mais elevados de combustíveis, produtos alimentícios e de pessoal, com reajustes salariais concedidos a empregados. As empresas repassaram essa inflação para os preços cobrados dos clientes, no maior nível em 29 meses.
(Por Iuri Dantas)