Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - O setor de serviços do Brasil registrou em dezembro o terceiro mês seguido de contração diante das condições econômicas frágeis, de acordo com o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) divulgado nesta terça-feira.
Em dezembro, o PMI apurado pelo Markit foi a 49,1 ante 48,5 no mês anterior, permanecendo pelo terceiro mês seguido abaixo da marca de 50 que separa crescimento de queda da atividade, ainda que a contração tenha ficado menos acentuada.
"As evidências vincularam as reduções na atividade a fatores tais como as condições econômicas frágeis, o escândalo da Petrobras e o término de contratos", destacou o Markit em nota.
Somada ao retorno ao crescimento da indústria no mês passado, o PMI Composto do Brasil melhorou, mas ainda assim permaneceu fraco ao atingir 49,2 em dezembro, contra 48,1 em novembro.
Dos seis subsetores de serviços monitorados, a atividade caiu em quatro, sendo as exceções Hotéis e Restaurantes e Transporte e Armazenamento.
Segundo o Markit, a taxa de inflação de insumos atingiu o ritmo mais forte desde novembro de 2008, diante de relatos de preços de combustíveis mais altos e da apreciação do dólar contra o real. Somente em dezembro a moeda norte-americana avançou 3,39 por cento, no quarto mês seguido de alta.
Com isso, os preços cobrados pelos fornecedores de serviços tiveram a maior alta desde o início da pesquisa, no começo de 2007, e o avanço foi de forma generalizada entre os setores.
"O que chama nossa atenção é que as empresas reportaram que os preços cobrados subiram no ritmo mais rápido desde o início da série, enquanto os preços de insumos avançaram no ritmo mais rápido desde 2008, já que isso parece ser inconsistente com a fraqueza geral da economia", disse em nota o economista-chefe do HSBC, André Lóes.
Em contraste, as novas encomendas avançaram pelo segundo mês em dezembro, o que ajudou no aumento do emprego pela primeira vez desde julho, ainda que a um ritmo moderado. A criação de vagas ficou evidente, segundo o Markit, em metade dos seis subsetores, destacadamente o de Hotéis e Restaurantes.
Apesar do declínio na atividade, a confiança no setor chegou ao melhor nível desde junho com quase metade dos participantes da pesquisa indicando sentimento positivo em relação ao crescimento da atividade nos próximos 12 meses.
Como principais fontes de otimismo foram citadas expectativa de obtenção de novos clientes, novas políticas do governo e a perspectiva de um ano sem eleição ou Copa do Mundo.