Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - A demanda fraca, a inadimplência e condições difíceis de mercado levaram a atividade de serviços do Brasil a contrair em maio pela primeira vez neste ano, afetando o setor privado como um todo no segundo trimestre, mostrou a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) divulgada nesta terça-feira.
O PMI de serviços do Brasil apurado pelo IHS Markit recuou a 49,5 em maio, abaixo da marca de 50 que separa crescimento de contração e na qual havia ficado em abril.
Esse declínio, somado à desaceleração do crescimento da indústria, levou a uma contração da produção do setor privado, como mostrado pela queda do PMI Composto em maio a 49,7, de 50,6 em abril.
"A demanda fraca e as pressões inflacionárias fortes inverteram a economia brasileira na metade do segundo trimestre", destacou a economista do IHS Markit Pollyanna De Lima, alertando que a greve dos caminhoneiros encerrada na semana passada pode ter ainda travado a atividade.
"Com a greve dos caminhoneiros impactando a oferta de combustível além de alimentos, transporte, saúde e escolas, não devemos ver uma recuperação nas condições econômicas no futuro próximo", completou.
No trimestre passado, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 0,4 por cento sobre o período anterior, mas o movimento deve ter sido abalado nos meses seguidos pela greve dos caminhoneiros.
Assim, as contas sobre o comportamento a economia deste ano estão sendo reduzidas para em torno de 2 por cento, sobre cerca de 3 por cento esperados até pouco tempo atrás, e há quem fique ainda mais abaixo.
De acordo com o IHS Markit, o volume de produção diminuiu em três dos cinco subsetores de serviços monitorados, com o crescimento dos novos pedidos registrando o nível mais fraco desde janeiro devido às incertezas de mercado.
Entretanto, a demanda frágil e as contínuas tentativas de redução de custos provocaram novo corte de empregos no setor de serviços, nas categorias de Transportes e Armazenamento, Serviços ao Consumidor e Serviços Imobiliários e Empresariais.
Os empresários citaram custos mais altos em maio de combustíveis e com isso a inflação de insumos atingiu o nível mais forte desde fevereiro. Ainda assim, as empresas ofereceram descontos dado o ambiente competitivo, com os preços de venda diminuindo pela primeira vez desde outubro de 2017, ainda que marginalmente.
Diante desse cenário, o nível de otimismo entre os empresários de serviços chegou ao nível mais baixo em 26 meses. As preocupações com a depreciação do real e os problemas internos superam os planos de reestruturação, tentativas de marketing e projetos em fase de preparação, de acordo com a pesquisa.
"O setor (de serviços) falhou em ganhar tração desde a sólida melhora vista em fevereiro, com o índice que mede a atividade sinalizando perda de força em cada mês desde então", completou Pollyanna.