BRASÍLIA (Reuters) - O setor público consolidado brasileiro registrou déficit primário de 3,401 bilhões de reais em julho, dado melhor que o esperado e que representou a melhor performance para o mês em cinco anos, ajudado pelo aumento de receitas da União, divulgou o Banco Central nesta sexta-feira.
Em pesquisa Reuters, a expectativa era de um déficit de 6,8 bilhões de reais para o mês.
Além de ter diminuído fortemente sobre o rombo de 16,138 bilhões de reais de julho do ano passado, o desempenho também foi o mais forte para o mês desde 2013, quando houve superávit de 2,287 bilhões de reais.
A maior contribuição para tanto veio do governo central (governo federal, BC e Previdência), com um rombo de 2,677 bilhões de reais em julho, ante saldo negativo em 13,977 bilhões de reais um ano antes.
Na véspera, o Tesouro já havia informado um dado bem melhor que o esperado para o governo central, em meio à forte elevação de receitas no mês, que teve ajuda dos royalties do petróleo. [nL2N1VL15E]
Mas o resultado mostrado pelo BC, que apura o número sob outra metodologia, veio melhor em quase 5 bilhões de reais, já que o déficit apontado pelo Tesouro para o governo central foi de 7,547 bilhões de reais em julho.
A assessoria de imprensa do BC lembrou que a diferença deve-se ao fato de as despesas de equalização de taxas junto aos bancos oficiais serem apuradas e pagas semestralmente pelo Tesouro, o que ocorre nos meses de janeiro e julho.
Especificamente nesses meses o pagamento sensibiliza os resultados fiscais apurados pelo Tesouro, que usa a metodologia "acima da linha". Já o BC, que usa o método "abaixo da linha", considera os valores e respectivos efeitos fiscais mensalmente, a partir do registro dessas obrigações na contabilidade das instituições financeiras.
"Por isso, no início dos semestres a discrepância entre os dados apurados pela Secretaria do Tesouro Nacional e pelo BC tende a ser mais expressiva. Ao longo dos demais meses observa-se uma progressiva convergência entre os valores apurados nas duas metodologias", disse o BC.
Em julho, os governos regionais (Estados e municípios) tiveram déficit primário de 1,848 bilhão de reais, ao passo que as empresas estatais tiveram superávit de 1,124 bilhão de reais.
No acumulado dos primeiros sete meses do ano, o setor público consolidado registrou déficit de 17,825 bilhões de reais, bem menor que o rombo de 51,321 bilhões de reais em igual etapa de 2017.
Em 12 meses, o déficit foi a 77,086 bilhões de reais, equivalente a 1,14 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).
Diante dos dados que vêm sendo apresentados, o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida afirmou na quinta-feira que o setor público pode encerrar o ano com um resultado primário cerca de 30 bilhões de reais melhor que a meta, fixada em 161,3 bilhões de reais para 2018 -- quinto resultado seguido no vermelho do país. [nE6N1TY011] DÍVIDA Em julho, a dívida bruta caiu a 77,0 por cento do PIB, contra 77,2 por cento em junho. Já a dívida líquida avançou a 52,0 por cento do PIB, ante patamar de 51,4 por cento no mês anterior e projeção do mercado de 51,8 por cento.
(Por Marcela Ayres)