Paris, 10 jan (EFE).- A agência de classificação de risco Standard and Poor's (S&P) prevê este ano um arrefecimento do crescimento nos Estados Unidos, na zona do euro e na China, mas não considera justificados os receios de uma recessão que surgiram nos mercados, e que lhe parecem "pessimistas demais".
Este é o cenário apresentado nesta quinta-feira pelo economista-chefe da agência de classificação, Sylvain Broyer, que, em uma apresentação à imprensa de suas perspectivas, manteve sem mudanças os números que a S&P tinha publicado em novembro e reconheceu que o principal risco está na "escalada das tensões comerciais".
Sobre essa questão, Broyer disse que o presidente americano, Donald Trump, "tem um modo de negociar muito particular", mas, até o momento, ele tem se restringido a ameaças, já que o aumento de tarifas aplicado efetivamente é residual, e se viu amplamente compensado no comércio mundial pela iniciativa chinesa da Nova Rota da Seda.
Quanto à paralisação do governo federal nos Estados Unidos pelas divergências entre Trump e a oposição democrata, a S&P fez notar que seu impacto estimado para a economia do país é de 0,05% do Produto Interno Bruto (PIB) por semana e, apesar de seus efeitos indiretos serem maiores, também será "marginal".
A agência de classificação de risco prevê um crescimento do PIB dos EUA de 2,3% este ano e de 1,8% em 2020, após uma expansão de 2,9% em 2018. O economista-chefe da S&P admitiu que há alguns indicadores do ciclo financeiro que poderiam indicar uma recessão, mas outros econômicos são "bem mais tranquilizadores".
O risco, segundo Broyer, poderia vir do nível de endividamento das empresas no contexto de aumento dos juros, mas estes também não vão crescer tanto e, ao mesmo tempo, "não se prevê uma redução drástica dos lucros das empresas americanas".
Na zona do euro, a agência estima um crescimento de 1,6% tanto este ano como no próximo, após a expansão de 1,9% em 2018. Para Broyer, "também não é esperada uma recessão" nessa região, já que, apesar de haver menos capacidades disponíveis, o emprego crescerá em torno de 1%, com aumento de salários e inflação mais baixa, o que levará a um aumento do poder aquisitivo que deve alimentar o consumo.
Sobre o Brexit, Broyer manteve como hipótese de base uma saída do Reino Unido da União Europeia com acordo, mas reconheceu que aumentou a possibilidade de o divórcio acontecer sem um compromisso.
Nesse caso, haveria "severas consequências" para vários países, começando pelo Reino Unido (o impacto negativo para seu PIB pode superar 1,8 pontos percentuais), mas também Malta (mais de 1,4 ponto), Irlanda (1 ponto), Noruega (0,7%) e Holanda (cerca de 0,4%).
Na França, o economista-chefe ressaltou que, apesar da crise dos "coletes amarelos", o aumento dos salários de 2% em um contexto de menor inflação representará um aumento do poder aquisitivo de entre 1,2% e 1,6% este ano, o que deve impactar no consumo.