BRASÍLIA (Reuters) - A aceleração da atividade econômica em 2018 deve elevar as importações e reduzir o saldo da balança comercial brasileira ao patamar de 50 bilhões de dólares, afirmou o secretário de Comércio Exterior, Abrão Neto, nesta terça-feira.
As compras no exterior vão crescer mais por conta do aumento da demanda interna tanto de empresas, com interesse em aquisição de bens intermediários, insumos e bens de capital, quanto das famílias que devem pressionam a demanda por bens de consumo, afirmou Abrão Neto.
Neste cenário, as importações devem acelerar mais que as exportações, que também devem crescer em 2018, mas num ritmo mais lento, de acordo com o secretário. Há a expectativa de que tanto as exportações quanto importações terminem este ano no maior valor desde 2015.
"Nossa expectativa é de um superavit robusto, na casa de 50 bilhões de dolares", disse o secretário. "Isso deve acontecer porque as importações, na nossa avaliação, crescerão mais que as exportações em 2018."
A balança comercial brasileira encerrou 2017 com superávit recorde de 67 bilhões de dólares, ultrapassando os 47,683 bilhões de 2016, informou nesta terça-feira o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
Foi o segundo ano seguido em que a balança comercial registrou superávit recorde, apresentando em 2017 um aumento de 40,5 por cento sobre 2016.
A balança comercial demonstrou fôlego depois da recessão no biênio 2015-2016 e da lenta recuperação econômica no ano passado. Em agosto, o superávit comercial já havia ultrapassado o saldo de todo o ano de 2016.
O resultado recorde da balança comercial no ano foi marcado tanto por um aumento das exportações quanto das importações.
Em 2017, as exportações superaram em 18,5 por cento os embarques registrados entre janeiro e dezembro do ano anterior pela média diária. As exportações em 2017 somaram 217,746 bilhões de dólares, contra 185,235 bilhões em 2016.
O aumento foi impulsionado principalmente pelas vendas de produtos básicos (+28,7 por cento), com destaque para a alta de 66,4 por cento do petróleo em bruto.
Já as importações registraram no ano aumento de 10,5 por cento, chegando a 150,745 bilhões de dólares no ano passado sobre 137,552 bilhões em 2016.
O destaque foi a alta de 42,8 por cento nas compras de combustíveis e lubrificantes.
As compras externas de derivados de petróleo saltaram no ano passado, superando 200 milhões de barris, diante da queda da participação de mercado pela Petrobras (SA:PETR4), de acordo com dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP) divulgados na semana passada. [nL1N1OT0M8]
Na pesquisa Focus realizada semanalmente pelo Banco Central junto a uma centena de economistas, a expectativa é de que em 2018 o Brasil registre um superávit comercial menor, de 52,5 bilhões de dólares.[nL1N1OX0AJ]
Em dezembro do ano passado, o saldo da balança comercial foi de superávit de 4,998 bilhões de dólares, com as exportações a 17,595 bilhões e as importações a 12,598 bilhões de dólares.
(Por Mateus Maia) 2018-01-02T225622Z_1_LYNXMPEE010ZR_RTROPTP_1_MACRO-BALANCA-ANO.JPG