Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A taxa de desemprego no Brasil ficou estável em 6,8 por cento no terceiro trimestre de 2014, quando comparado com o período imediatamente anterior, mas com o país registrando queda no emprego com carteira assinada no setor privado pela primeira vez em quase dois anos.
O emprego formal no setor privado recuou 0,6 por cento no terceiro trimestre sobre os três meses anteriores, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada nesta terça-feira.
Foi a primeira queda neste segmento desde o início da série histórica do levantamento, em janeiro de 2012. Segundo o IBGE, 227 mil pessoas deixaram de ter carteira assinada neste período.
"Esse indicador mostra desacelaração da economia e uma efetiva perda de postos de trabalho", afirmou o coordenador do IBGE Cimar Azeredo, acrescentando que houve também uma migração de pessoas com carteira assinada para trabalho autônomo.
No acumulado do ano, o emprego com carteira cresceu em mais de um milhão de postos. No terceiro trimestre de 2013, a taxa de desocupação tinha sido de 6,9 por cento.
Já o nível de ocupação no país no terceiro trimestre foi de 56,8 por cento, contra 56,9 por cento no segundo trimestre deste ano e 57,1 por cento no terceiro trimestre de 2013.
Entre julho e setembro, a população ocupada atingiu 92,3 milhões de pessoas, uma alta de 0,2 por cento sobre o segundo trimestre. O total era composto por 69,8 por cento de empregados, 4,1 por cento de empregadores, 23,3 por cento de pessoas que trabalham por conta própria e 2,8 por cento de trabalhadores familiares auxiliares.
Já o número de desocupados caiu 0,9 por cento sobre o trimestre anterior, chegando a 6,7 milhões de pessoas.
"A população ocupada subiu em todas as regiões e em quase todas a desocupada caiu, com exceção do Sul. A alta da população ocupada não foi suficiente para movimentar a taxa, teria que subir expressivamente, e não foi o que ocorreu", destacou o coordenador do IBGE Cimar Azeredo.
Azeredo destacou ainda o aumento de 0,9 por cento das pessoas fora da força de trabalho ante o segundo trimestre, que segundo ele são jovens que na sua maioria não trabalham, não estudam e nem procuram trabalho. "Estamos aprofundando o porquê disso."
Entre as mulheres, a taxa de desocupação permaneceu em 8,2 por cento no terceiro trimestre, repetindo o mesmo número do período anterior, enquanto entre os homens ela caiu 0,1 ponto percentual, a 5,7 por cento.
Pelas regiões, a taxa mais alta de desocupação no terceiro trimestre foi vista no Nordeste, com 8,6 por cento, alta de 0,2 ponto percentual em relação ao período de três meses anteriores. Já a menor foi registrada no Sul, com 4,2 por cento, contra 4,1 por cento no segundo trimestre.
Ainda que permaneça robusto, o mercado de trabalho vem mostrando perda de fôlego diante da inflação que continua perto do teto da meta, da elevação dos juros e da economia estagnada.
A Pnad Contínua tem divulgação trimestral e maior abrangência nacional que a Pesquisa Mensal de Emprego (PME). O objetivo é que ela substitua a PME, que leva em consideração dados apurados em apenas seis regiões metropolitanas do país.
Pela PME, o dado mais recente mostra que a taxa de desemprego caiu a 4,7 por cento em outubro, piso para o mês. Mas o Caged, do Ministério do Trabalho, apontou que o Brasil fechou mais de 30 mil vagas formais de trabalho em outubro.
Em 2015 a tendência é que o país veja uma reversão da queda do desemprego e da tendência de ganhos reais de salários, a menos que haja uma mudança nas expectativas dos empresários.
(Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira)