(Reuters) - A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse nesta quinta-feira que acatará o nome que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicar para o comando do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e que se reunirá, quando a agenda permitir, com o economista Marcio Pochmann, anunciado na véspera como futuro presidente do órgão.
"(A nomeação) não é oficial... já havia um consenso dentro do meu ministério e dentro do Palácio de que nós faríamos em um momento oportuno a troca do presidente do IBGE", disse Tebet a repórteres no Ministério da Fazenda antes de se reunir com o chefe da pasta, Fernando Haddad.
Tebet disse que já havia sido informada de que Lula gostaria de fazer uma escolha pessoal para o IBGE, subordinado ao Planejamento, e que é "justo" atender o nome indicado pelo presidente, que não tinha feito nenhum pedido anterior à ministra.
"Também fui avisada que o presidente da República teria um nome e gostaria de fazer uma escolha pessoal... Nada mais justo do que atender o presidente Lula, independente do nome que ele apresentaria, que ele ainda não havia me apresentado", disse.
Ao sair da Fazenda após a reunião com Haddad, a ministra reforçou que o anúncio não causou atrito na pasta ou com o restante do governo e ressaltou que ainda vai se reunir com Lula para finalizar discussões sobre a indicação.
"Foi um desencontro de informação do ministro das Comunicações de ter achado que o nome já estava pronto para ser anunciado, quando eu teria e terei uma conversa com o presidente Lula semana que vem. Ele me encomendou um trabalho complexo e, assim que estiver pronto... pode ser quarta, pode ser quinta, pode ser sexta, eu vou estar levando e nós estaremos conversando com o nome, agora que já foi anunciado. Está tudo certo", afirmou.
Ela disse ainda que não fará julgamento prévio sobre Pochmann, que já presidiu o Instituto de Pesquisas Econômica Aplicada (Ipea) e atualmente é o presidente do Instituto Lula, e assegurou que a discussão com o economista será técnica, sem se basear no passado do indicado.
"Não quero saber do passado, quero saber do presente. A conversa será técnica e ele será tratado como técnico e será muito bem-vindo para a nossa equipe... e continuará no IBGE enquanto estiver atendendo às necessidades da sociedade brasileira", disse Tebet.
"Eu já fui muito prejulgada na minha vida política para prejulgar alguém, especialmente um colega meu que é professor universitário como eu. Eu jamais faria isso e não vou fazer. Então, ele vai ser bem recebido como qualquer membro da minha equipe... Eu não gosto de ser prejulgada pelo meu trabalho e eu não farei isso com um colega que agora vai se somar conosco num grande projeto a favor do Brasil", ressaltou a ministra na saída da reunião.
Na quarta-feira, Tebet havia dito, em entrevista à GloboNews, que uma troca no IBGE seria um "desrespeito" com o atual ocupante interino do cargo, Cimar Azeredo, que ainda precisa concluir um ciclo à frente do instituto ao anunciar outros dados do Censo realizado no ano passado.
Ela chamou de "ruídos" as informações sobre a escolha de Pochmann. A entrevista foi gravada horas antes de o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, confirmar que o economista seria nomeado para dirigir o IBGE.
(Por Fernando Cardoso, em São Paulo; reportagem adicional de Victor Borges, em Brasília)