(Reuters) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta quinta-feira que a instituição tem lutado muito para melhorar as condições de trabalho de seus servidores, mas não tem tido efetividade até o momento.
No Encontro Anual Drex 2023, em Brasília, Campos Neto enfatizou que reconhece a importância dos servidores do BC e as dificuldades que passam, garantindo que continuará buscando a melhoria das condições de trabalho e mostrando para a sociedade o benefício das ações da autoridade monetária.
"Sei que a gente está passando por momentos difíceis. A gente tem lutado muito para melhorar as condições, obviamente sem efetividade até agora, mas a gente continua na luta", disse.
Servidores da autarquia estão trabalhando em regime de operação padrão desde o início de julho para pressionar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a promover uma reestruturação de carreira no BC, além de reivindicar uma espécie de bônus de produtividade.
Campos Neto e outros diretores já haviam manifestado apoio às reivindicações e até comparecido a uma manifestação dos funcionários, citando preocupação com a desvalorização da carreira e risco da perda de quadros.
Nos últimos meses, o BC atrasou a divulgação de alguns indicadores citando como justificativa o movimento dos servidores.
A mobilização de servidores públicos em torno de reivindicações tem ocorrido também em outras áreas do governo, como a Receita Federal e agências ambientais. Na terça-feira, a ministra da Gestão, Esther Dweck, reconheceu que o governo pode enfrentar greves de funcionários.
Ela argumentou que a movimentação é natural em meio a um governo que conversa "com todo mundo", criticando as gestões dos ex-presidentes Michel Temer e Jair Bolsonaro por, segunda ela, terem fechado os canais de diálogo com o funcionalismo por seis anos.
A ministra assegurou que está sendo debatido no Executivo espaço orçamentário para eventuais reajustes salariais, embora tenha admitido que os recursos são escassos.
Na quarta-feira, em carta vista pela Reuters, mais de 1.500 trabalhadores do Ibama e do ICMBio exigiram melhores salários e condições de trabalho para a categoria, acusando o governo Lula de "deslealdade".
(Por Fernando Cardoso)