Por Balazs Koranyi e Francesco Canepa
FRANKFURT (Reuters) - Algumas autoridades do Banco Central Europeu estão relutantes em alterar suas orientações sobre as taxas de juros já que isso pode amarrar as mãos do próximo presidente do banco muitos meses antes mesmo de a indicação ser feita, disseram quatro fontes próximas ao assunto.
Com a economia da zona do euro perdendo força, a orientação de longo prazo do BCE de um aumento nos juros ainda este ano está cada vez mais fora de sincronia com as expectativas do mercado. Mas as autoridades até agora evitaram dar qualquer sinal sobre os juros para além do mandato do atual presidente do BCE, Mario Draghi, que deve deixar o cargo em 31 de outubro.
A hesitação sugere que as autoridades vão primeiro optar por outras medidas, como empréstimos bancários de longo prazo, para reforçar a confiança.
"Não saber quem será o próximo presidente é o motivo da nossa hesitação", disse uma das fontes, que pediram para não serem identificadas, à Reuters. "Normalmente não seria um problema, mas Draghi é uma personalidade tão poderosa que torna difícil fazer qualquer comprometimento além de seu mandato."
O sucessor de Draghi deve ser nomeado apenas após as eleições europeias no final de maio e os principais candidatos, que incluem o presidente do banco central francês, François Villeroy de Galhau, e o presidente do Bundesbank, Jens Weidmann, têm opiniões muito diferentes sobre a política monetária.
Estas diferenças podem ser fundamentais, uma vez que o Conselho do BCE tem uma longa tradição de se manter alinhado ao seu líder, com as autoridades raramente desafiando publicamente a posição de política monetária do banco.
O presidente do BCE participa de importantes reuniões da União Europeia e assume um papel de liderança na promoção de grandes mudanças institucionais no bloco monetário de 19 países.
"Mas também somos pragmáticos e tomaremos a decisão se for necessário", acrescentou outra fonte. "É apenas que teremos que ser mais cuidadosos com os sinais para além de 31 de outubro, até sabermos quem está chegando".
A cautela das autoridades significa que a chance de uma mudança de orientação em março é mais baixa se o cenário se sustentar, disseram as fontes.
O BCE recusou-se a comentar.