Por David Lawder e Lisa Lambert
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta sexta-feira que seu governo estava "fazendo muito progresso" com a China, à medida que as negociações comerciais entre autoridades de menor escalão continuam pelo segundo dia, com Washington retirando tarifas sobre mais de 400 produtos chineses.
Falando a repórteres em uma reunião da Casa Branca com o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, Trump disse que os Estados Unidos estavam recebendo bilhões de dólares em tarifas impostas a produtos chineses, acrescentando que o total chegaria a 100 bilhões de dólares.
"Vou dizer o seguinte: estamos fazendo muito progresso com a China", disse Trump.
O gabinete do Representante de Comércio dos Estados Unidos emitiu três avisos do Federal Register isentando uma ampla gama de produtos das tarifas, em resposta a pedidos de empresas norte-americanas, que argumentavam que os impostos causariam dificuldades econômicas.
Os 437 produtos isentos variam de placas de circuito para processadores de computação gráfica a coleiras para cães, pisos laminados de madeira e luzes de Natal.
Negociadores chineses e norte-americanos estão em seu segundo dia de conversas, que devem se concentrar fortemente na agricultura e estabelecer as bases para negociações de alto nível no início de outubro, as quais vão determinar se os dois países estão trabalhando em direção a uma solução ou caminhando para tarifas novas e mais elevadas sobre os bens um do outro.
Uma delegação de cerca de 30 autoridades chinesas, liderada pelo vice-ministro das Finanças, Liao Min, se encontrou com colegas no escritório do Representante de Comércio dos EUA perto da Casa Branca. O vice-representante de Comércio dos Estados Unidos, Jeffrey Gerrish, liderou a delegação dos EUA.
Os Estados Unidos estão pedindo que a China aumente substancialmente as compras de soja norte-americana e outras commodities agrícolas, disse à Reuters uma pessoa com conhecimento das discussões planejadas.
Autoridades da delegação chinesa visitarão regiões agrícolas dos EUA com colegas norte-americanos na próxima semana, em um gesto de boa vontade.
No entanto, o governo Trump e o Partido Comunista da China permanecem distantes em questões que são a base de sua disputa comercial, com os EUA classificando algumas empresas estatais como risco à segurança nacional e Pequim se recusando a reformular seu modelo econômico, eliminando subsídios para empresas estatais.
Especialistas em comércio, executivos e autoridades governamentais de ambos os países dizem que, mesmo que as negociações de setembro e outubro produzam um acordo provisório, a guerra comercial EUA-China escalou para uma batalha política e ideológica que é muito mais profunda do que as tarifas e pode levar anos para ser resolvida.
Observadores em Pequim disseram que as novas isenções de tarifas são um sinal bem-vindo, mas as negociações comerciais permanecem em situação delicada.
As isenções são "vistas como um sinal de boa vontade da China", disse no Twitter nesta sexta-feira Hu Xijin, editor do influente tabloide estatal Global Times. "A interação da boa vontade entre a China e os EUA ainda é frágil."