(Reuters) - A presidente Dilma Rousseff afirmou não temer um possível impeachment, em uma entrevista a um jornal mexicano cuja íntegra foi divulgada pelo Palácio do Planalto neste domingo.
"Eu não tenho temor disso, eu respondo pelos meus atos. E eu tenho clareza dos meus atos", disse a presidente ao jornal mexicano La Jornada após ser questionada sobre comentários da oposição sobre um possível impeachment.
Segundo Dilma, "o problema do impeachment é sem base real" e está sendo usado como "arma política".
As declarações ocorrem em um momento em que setores da oposição defendem a abertura de um processo para impugnação do mandato de Dilma por conta, entre outras coisas, de manobras fiscais feitas pelo governo e consideradas pela oposição uma violação da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Na entrevista, a presidente disse ainda não acreditar que a democracia "engendre situações de paz dos cemitérios" e sim manifestações de rua, reivindicações e expressões de descontentamento.
"Onde tem algum conflito, ele faz parte da democracia. Nós, quanto mais resilientes formos, quanto mais normal for a manifestação política, 'Eu estou divergindo', 'Eu sou contra', e isto não levar à ruptura, nem à situação extrema, mais evoluídos, do ponto de vista democrático nós somos", afirmou.
Sobre a Petrobras, Dilma disse, sem mencionar nomes, que quatro dos 90 mil funcionários da estatal estão sendo acusados de corrupção.
Ela afirmou ainda que não há risco de alteração no modelo de partilha do pré-sal.
"O modelo de partilha é a defesa dos interesses econômicos da população deste país, que é dona das suas riquezas naturais, em especial do petróleo. Aqui é difícil achar", afirmou a presidente.
Dilma afirmou também que o acordo de cooperação firmado em 2005 entre a Petrobras e a petroleira estatal mexicana Pemex poderia avançar, com "investimentos comuns", mas não deu detalhes.
A presidente disse que há interesse em ter a petroleira do México investindo em áreas do pré-sal do Brasil, junto com a Petrobras, e que o encontro entre os governantes dos dois países poderia incentivar este tipo de negociações.
A presidente fará visita de Estado ao México nos dias 26 e 27 de maio.
(Por Juliana Schincariol, no Rio de Janeiro)