Por Aluisio Alves e Guillermo Parra-Bernal
SÃO PAULO (Reuters) - O mercado brasileiro de compra e venda de participações de empresas deve manter neste ano o ritmo de 2014, apesar da estagnação da economia, apoiado principalmente pelo maior apetite de investidores estratégicos, disse um executivo do Credit Suisse.
"Nada impede que tenhamos em 2015 um movimento parecido com o que tivemos no ano passado, que foi um bom ano", disse o chefe da área de banco de investimentos do Credit Suise, Fábio Mourão, em entrevista à Reuters.
Segundo ele, a maturidade desse mercado no país deve manter um fluxo relativamente constante de operações, movimento conduzido por investidores com perspectivas de prazos mais longos, como os fundos de private equity.
Nos últimos meses, grandes gestores de fundos como Advent International, Pátria Investimentos e Carlyle anunciaram mais de 4 bilhões de dólares em captações de recursos para investimentos no Brasil e na América Latina.
No curto prazo, disse Mourão, a depreciação do real frente ao dólar é um possível gatilho para anúncios de novas operações, que tendem a ser bastante diversificadas setorialmente.
A economia estagnada e a queda de 12,5 por cento do real em 2014 depreciou ativos domésticos, reduzindo a diferença entre os preços pedidos e os oferecidos, dando fôlego para negócios complexos, como cisões, fechamentos de capital e reestruturações de dívidas, tendência que Mourão espera que seja mantida neste ano.
O Credit Suisse liderou o ranking de assessores financeiros de fusões no Brasil em 2014, segundo levantamento da Thomson Reuters, assessorando 25 negócios no valor de 35,05 bilhões de dólares.
No período, as fusões envolvendo empresas brasileiras movimentaram 77,1 bilhões de dólares, avanço de 6,9 por cento em relação ao ano anterior.
As fusões e aquisições tendem a seguir como a área mais ativa entre os bancos de investimentos, dado que a perspectiva para segmentos como as ofertas de ações, por exemplo, deve continuar fraca, por refletirem mais de perto o ânimo dos investidores em relação à economia.
Segundo o executivo, os bancos podem ter dificuldades para "encontrar uma janela de oportunidade que fique aberta o suficiente para concluir os negócios". No ano passado, apenas uma empresa abriu o capital no Brasil, no pior resultado em pelo menos 11 anos.
Mourão evitou comentar operações de fusão lideradas pelo Credit Suisse para este ano. Ele observou que a receita por assessoria, conhecida como "fee", vai repetir seu desempenho do ano passado para a indústria, ressalvando acreditar que "os bônus para executivos do banco devem ser bons".