Por Kylie MacLellan e William James
LONDRES (Reuters) - O Reino Unido pode enfrentar uma saída caótica da União Europeia se os parlamentares votarem contra a legislação proposta pelo governo para cortar os laços políticos, financeiros e legais com o bloco, disse o ministro do Brexit, David Davis, antes de uma votação crucial no Parlamento britânico.
O Parlamento deve realizar uma votação no final da noite desta segunda-feira para decidir se o projeto de lei de separação seguirá para o próximo estágio do processo legislativo.
A expectativa é que o governo vença a consulta, que será o teste mais sério da liderança da primeira-ministra britânica, Theresa May, desde que perdeu sua maioria na eleição de 8 de junho e com ela um mandato claro para sua estratégia para o Brexit.
O projeto de lei busca em grande parte copiar e colar a lei da UE à legislação britânica para fazer com que o Reino Unido tenha leis funcionais e o mesmo arcabouço regulatório do bloco no momento da desfiliação, algo que Londres diz proporcionar uma certeza às empresas.
"Uma votação contra este projeto de lei é uma votação a favor de uma saída caótica da União Europeia", disse Davis em comunicado.
"Negócios e indivíduos precisam da garantia de que não haverá mudanças inesperadas em nossas leis após o dia da saída, e é exatamente isso que o projeto de lei de revogação oferece. Sem ele, estaríamos nos aproximando de um precipício de incerteza que não é do interesse de ninguém".
A incapacidade de vencer o primeiro de muitos obstáculos no processo legislativo representaria um grande problema para May, que agora depende do apoio de um pequeno partido da Irlanda do Norte para governar e enfrenta dúvidas persistentes sobre seu futuro como líder.
"Ela precisa continuar em frente, fazer isto dar certo... precisamos lançar este grande navio", disse o secretário das Relações Exteriores britânico, Boris Johnson, ex-postulante à liderança do partido e defensor destacado do Brexit, à rede BBC.
Com o apoio do Partido Democrático Unionista da Irlanda do Norte, May tem uma maioria de 13 assentos no Parlamento de 650 cadeiras.
A maioria dos rebeldes pró-UE do Partido Conservador da premiê indicaram estar dispostos a endossar seu plano neste estágio, embora se espere que expressem objeções em etapas posteriores do processo legislativo, quando se realizará uma análise mais detalhada.