Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - O varejo brasileiro encolheu em fevereiro, movimento inesperado e o pior para o mês em três anos, pressionado pelas vendas de supermercados e combustíveis, ressaltando a reação lenta da economia marcada ainda pelo mercado de trabalho fraco.
As vendas recuaram 0,2 por cento em fevereiro na comparação com o mês anterior, depois do avanço de 0,8 por cento em janeiro, informou nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado contraria a expectativa em pesquisa da Reuters com economistas de aumento de 0,8 por cento na comparação mensal e representa a leitura mais fraca para fevereiro desde 2015, quando houve recuo de 0,9 por cento.
Em relação ao mesmo mês do ano anterior, houve alta de 1,3 por cento nas vendas, também pior do que o avanço projetado pelos economistas de 3,5 por cento e o mais fraco desde março de 2017 (-3,2 por cento).
"O mercado de trabalho está por trás desse movimento lento e gradual de vendas. É menos gente consumindo", explicou a gerente da pesquisa no IBGE, Isabella Nunes, acrescentando que o consumo também foi afetado devido ao período de férias e de pagamentos de impostos.
"A recuperação está mais lenta e gradual desde o início do segundo semestre do ano passado. O varejo mantém trajetória de recuperação se olharmos para um período mais longo, mas perde ritmo na margem", completou.
Em fevereiro, o destaque negativo das vendas ficou exatamente para o setor de maior peso para o varejo. As vendas de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo contraíram 0,6 por cento em relação ao mês anterior.
Combustíveis e lubrificantes apresentaram o quarto resultado negativo seguido com queda nas vendas de 1,4 por cento em fevereiro.
O varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, apresentou perdas de 0,1 por cento no mês.
Outros dados econômicos divulgados neste início de ano também mostraram maior fraqueza do que o esperado, o que tem afetado as projeções de crescimento para a economia como um todo.
Pesquisa Focus do Banco Central, que houve semanalmente uma centena de economistas, mostra que a projeção de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano é de 2,80 por cento, sendo que mais no início do ano estava em 3 por cento.
Em março, a confiança do comércio indica força ao atingir o nível mais alto em quase três anos, embora ainda mostre cautela entre os empresários, de acordo com a Fundação Getulio Vargas (FGV).
(Edição de Patrícia Duarte)