Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - As vendas varejistas no Brasil ficaram estáveis em fevereiro na comparação com o mês anterior, com as compras voltadas para o Carnaval compensando perdas em supermercados e combustíveis, em um ambiente de fraqueza econômica.
Em relação ao mesmo período do ano anterior, as vendas apresentaram crescimento de 3,9 por cento, sétima taxa positiva seguida, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira.
O setor de varejo segue acompanhando o quadro de recuperação lenta e gradual da economia brasileira, sem conseguir deslanchar em meio a uma taxa de desemprego ainda elevada. O resultado, entretanto, foi mais fraco do que o da indústria, que em fevereiro mostrou alguma recuperação.
"O que salvou foram as compras para o Carnaval. O desempenho do comércio reflete uma economia lenta, que cresce pouco e com um mercado de trabalho com milhões de desempregados e com muitos trabalhadores informais", explicou a gerente da pesquisa, Isabella Nunes.
Segundo o IBGE, entre as atividades pesquisadas no varejo, quatro apresentaram contração e quatro avançaram. Entre as perdas ficaram Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,7 por cento); Combustíveis e lubrificantes (-0,9 por cento); Móveis e eletrodomésticos (-0,3 por cento); e Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-3,0 por cento).
Já os ganhos se concentraram em Tecidos, vestuário e calçados (4,4 por cento); Outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,0 por cento); Livros, jornais, revistas e papelaria (0,2 por cento) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,1 por cento).
"Se não fosse o efeito positivo do Carnaval, o comércio poderia ser até negativo. As vendas de roupas, fantasias e artigos carnavalescos aumentaram em Tecidos, Vestuário e Calçados e no grupo de Outros artigos de uso pessoal, que inclui as grandes lojas de departamento", completou Isabella.
No varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, houve recuo de 0,8 por cento nas vendas, com quedas de 0,9 por cento em Veículos, motos, partes e peças e de 0,3 por cento em Material de construção, após ambos os setores registrarem alta em janeiro.
A pesquisa Focus do Banco Central vem apresentado recorrentes reduções na expectativa para o crescimento econômico neste ano, com a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) estimada agora em 1,97 por cento em 2019, indo a 2,70 por cento em 2020.
(Edição de Pedro Fonseca)