SÃO PAULO (Reuters) - A XP (SA:XPBR31) aumentou sua estimativa para a alta do IPCA ao fim deste ano em 1 ponto percentual, a 6,2%, com o choque de custos provocado pela guerra na Ucrânia devendo intensificar a persistência da inflação elevada.
A projeção para a alta do IPCA em 2023 também subiu, a 3,80%, de 3,25% anteriormente --portanto, a casa agora vê inflação acima da meta também para o próximo ano.
Os objetivos perseguidos pelo Banco Central são 3,50% para este ano e 3,25% para o próximo.
"O mundo já vinha se defrontando com demanda aquecida e cadeias de produção desestruturadas... Neste sentido, o choque adicional de custos representado pela guerra na Ucrânia tem um efeito sobre a economia global ainda maior do que numa situação 'normal'", disse a XP em relatório desta terça-feira, assinado por economistas e estrategistas.
"Para o Brasil, o choque global significa inflação mais persistente, especialmente de alimentos e energia."
Os preços do petróleo Brent foram a máximas desde 2008 na segunda-feira, enquanto commodities que influenciam o preço de alimentos para o consumidor, como o trigo, também têm disparado desde que a Rússia deu início à invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro.
Nesse contexto, o Banco Central do Brasil provavelmente precisará manter os juros altos por mais tempo para garantir a convergência da inflação à meta até 2024, disse a XP.
O time de economistas manteve projeção de que a taxa Selic chegará a 12,75% ao fim do atual ciclo de aperto monetário do Bacen, "mas entendemos agora que o espaço para cortes (de juros) virá apenas em 2023", no primeiro trimestre. Em cenário anterior, a XP esperava que um ciclo de afrouxamento seria iniciado em dezembro deste ano.
Para o término de 2023, a XP revisou sua expectativa para o patamar da Selic a 8,25%, de 7,50%. "O patamar de 7,50%, que julgamos neutro, deverá ser atingido somente em 2024", afirmaram os especialistas.
CÂMBIO
Apesar dos riscos geopolíticos que têm abalado os mercados internacionais, a XP melhorou sua previsão para a taxa de câmbio brasileira ao fim deste ano, a 5,20 por dólar. Anteriormente, a expectativa era de taxa de 5,70 por dólar.
"A alta das commodities, os juros internos elevados e a atratividade do Brasil vis-à-vis outros emergentes, como Turquia e Rússia, podem manter a tendência recente de apreciação do real", disse a XP no relatório. A divisa brasileira acumula alta de 9,5% contra o dólar até agora em 2022, ostentando o melhor desempenho no período entre uma cesta de moedas globais.
"Por outro lado, os riscos ligados à guerra, à normalização monetária nos EUA e à incerteza fiscal doméstica tendem a manter os prêmios de risco elevados para ativos de risco brasileiros, como o câmbio", ressalvou a equipe XP Macro.
O dólar era negociado em torno de 5,08 reais nesta terça-feira.
(Por Luana Maria Benedito)