Por Andrea Shalal
WASHINGTON (Reuters) - A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, disse nesta sexta-feira que vale a pena considerar medidas para reduzir as tarifas norte-americanas sobre produtos chineses, dados os "efeitos desejáveis" que poderiam ter na redução da inflação nos EUA.
"Queremos fazer tudo o que pudermos para reduzir a inflação", disse Yellen à Bloomberg TV, citando ações do presidente Joe Biden para liberar petróleo da Reserva Estratégica de Petróleo e lidar com interrupções na cadeia de suprimentos.
O corte de tarifas também é algo que "vale a pena considerar", disse Yellen, acrescentando: "Haveria alguns efeitos desejáveis. É algo que estamos analisando".
Os comentários de Yellen vieram um dia depois de um conselheiro do alto escalão da Casa Branca, Daleep Singh, sugerir que os EUA poderiam diminuir as tarifas impostas a uma série de produtos chineses não estratégicos, como bicicletas ou roupas, para ajudar a combater a inflação.
Singh, que atua como vice-conselheiro de segurança nacional de Biden, afirmou que as taxas impostas pelo governo Trump podem ter dado alguma vantagem em negociações, mas não serviram a nenhum propósito estratégico.
Reduzir essas tarifas e focar áreas mais estratégicas, que incluem tecnologias cruciais, podem proporcionar uma boa oportunidade, disse ele.
A inflação é uma preocupação crítica para Biden, cujos índices de aprovação estão em queda conforme os custos de energia, alimentos e outros produtos básicos aumentam, e seus colegas democratas correm sério risco de perder a maioria no Congresso nas eleições de meio de mandato em novembro.
Yellen disse à CNBC em entrevista separada que a inflação pode ter atingido o pico nos EUA, mas alertou que os preços podem permanecer elevados "por mais algum tempo".
A segunda autoridade mais sênior do Fundo Monetário Internacional (FMI), Gita Gopinath, afirmou em evento que o risco de fragmentação na economia global foi um tema-chave durante as reuniões desta semana de membros do Fundo e do Banco Mundial.
Muitos países estão questionando seriamente sua abordagem ao comércio global, como fortalecer suas cadeias de suprimentos e como se proteger de parceiros comerciais hostis, disse ela.
Mas as políticas que levaram os países a ficar mais "voltados para si mesmos" podem aumentar as pressões inflacionárias, disse ela, instando os governos a trabalhar juntos para melhorar a resiliência em um "mundo propenso a choques".
"Você não quer que o remédio seja pior que a doença", disse ela.
(Por Andrea Shalal e David Lawder)